
A história já tem três anos, mas só agora chega ao Tribunal de Sintra, onde a juiza responsável pelo caso irá decidir quem tem razão e se Cristina terá, ou não, de pagar os 12 milhões de euros exigidos pelos seus antigos patrões.
Nesta altura do campeonato, já não há muitas dúvidas de que a apresentadora terá de abrir os cordões à bolsa pela quebra abrupta do contrato e ela própria já admitiu que está disposta a pagar, mas menos dez milhões daquilo que lhe é exigido pela SIC. Dois milhões de euros é aquilo que a apresentadora afirmar ser o valor justo a desembolsar por ter deixado a estação antes do final do seu contrato e em tribunal justificou o porquê.
Numa audiência que decorreu à porta fechada a pedido de Cristina, a estrela disse não saber que tinha de cumprir o contrato até ao final e que não achava justo ter de indemnizar a SIC sobre os extras que recebia (como os compromissos publicitários), mas somente o valor salarial que estava contratualizado.
À saída da audiência, a juíza Maria Teresa Mascarenhas, fez um resumo do depoimento de duas horas de Cristina Ferreira, em que esta se mostrou disposta a chegar a um acordo por 2,3 milhões de euros, pretensões negadas pela SIC.
"Basicamente, aquilo que foi dito por Cristina Ferreira foi que no início, quando pôs fim ao contrato com a SIC, achava que não tinha nada a pagar porque não tinha noção que o contrato lhe exigisse que o fizesse ate ao fim. Que em determinada altura, teve noção que poderia estar em risco de ter de pagar alguma coisa à SIC. Acha é que este valor a pagar à SIC tem como pressuposto aquilo que era o seu vencimento fixo e não as partes variáveis da remuneração. Se o programa era líder de audiências, microespaços, campanhas publicitárias, chamadas de valor acrescentado, tudo isso fazia parte de uma remuneração variável que ela tinha direito.E ela entende que isto não deve ser contabilizado no valor de indemnização a pagar à SIC", explicou a magistrada, adiantando, no entanto, que há aspetos contratuais palpáveis que deitam imediatamente por terra as pretensões da apresentadora, nomeadamente uma cláusula de rescisão em que era expressamente referido o período de vigência do contrato, o que torna complicado para Cristina afirmar que não sabia que teria de cumprir o mesmo até ao final.
Depois de Cristina, foram também ouvidos os responsáveis pela SIC num julgamento que prossegue a todo o vapor e que deverá conhecer um desfecho ainda este ano, no início de dezembro.
DINHEIRO SAI DO BOLSO DE CRISTINA
Numa altura em que Cristina está muito consciente de que dificilmente sairá incólume deste processo judicial, é também certo para a apresentadora que está sozinha nesta batalha, uma vez que a TVI já se demarcou de qualquer ajuda financeira em caso de uma condenação.
Em comunicado, a estação negou ser verdadeiro que o patrão do canal, Mário Ferreira, tenha afirmado que a TVI iria cobrir a indemnização, colocando-se à margem da guerra de Cristina com a SIC. " É falso que Mário Ferreira tenha dito que ‘é a TVI que vai pagar, por isso é indiferente para a Cristina’ e que tenha acrescentado 'vem para cá não te preocupes'", pode ler-se no comunicado, em que a TVI assumiu, pela primeira vez, não estar ao lado de Cristina no banco dos réus.
Isolada nesta guerra, a apresentadora terá, assim, de usar as suas poupanças para cobrir uma indemnização que poderá chegar, no pior dos cenários para a estrela, aos 12,3 milhões de euros.
Recorde-se que, em julho de 2020, a estrela anunciou, de forma surpreendente, que estava de regresso ao seu canal de origem. A notícia apanhou os responsáveis da SIC de surpresa que, de uma hora para a outra, tiveram de estabelecer um plano B para as manhãs. Com um estúdio todo ele construído em função do programa conduzido por Cristina, muitos compromissos publicitários firmados, a direção foi forçada a mudanças profundas e afirmou ter quebras milionárias com a saída da apresentadora.
Do seu lado, a estrela garantia que o contrato que rubricou com a SIC, na sua globalidade, não estava a ser cumprido, uma vez que tinha sido chamada para, além de apresentar, ter uma palavra a dizer no entretenimento da SIC, algo que não acontecia por o centro das decisões estar todo nas mãos de Daniel Oliveira.
Agora, as duas partes esgrimam argumentos, num momento tenso em tribunal que Cristina tentou atenuar com muitos sorrisos à chegada.