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CDS PP: Sem a aparição do Messias na campanha, o partido que já foi do táxi sobe ao ringue no maior combate da sua história para tentar não ser corrido de patins do Parlamento

Desde que foi fundado em julho de 1974, o CDS-PP corre o risco de perder pela primeira vez a sua representação na Assembleia da República. Os cenários para as eleições de domingo não são animadores e um desastre eleitoral pode significar mesmo o fim do partido. Mas isso será o fim político do seu presidente, Francisco Rodrigues dos Santos?
Rui Teixeira
Rui Teixeira
27 de janeiro de 2022 às 23:42
Francisco Rodrigues dos Santos
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Francisco Rodrigues dos Santos

Foi após a eleição que deu a primeira de duas maiorias absolutas a Cavaco Silva (1987-1995) o que o CDS, liderado por Adriano Moreira, foi apelidado pela primeira vez de partido do táxi, pois os seus quatro deputados eleitos podiam chegar ao Parlamento em São Bento todos juntinhos apenas numa viatura.

Hoje, 35 anos depois, a situação do Partido do Centro Democrático Social - Partido Popular não é melhor. Teve cinco deputados eleitos (em 2019) sob a liderança de Assunção Cristas, um número de políticos que também cabe nos novos táxis e TVDE. E os cenários traçados nas últimas sondagens são verdadeiros pesadelos para Francisco Rodrigues dos Santos. 

O líder do partido (desde 26 de janeiro de 2020) tem corrido o País de Norte a Sul e ilhas em fervorosa campanha, mas as previsões apontam no melhor dos melhores cenários para 2% das intenções de voto e apenas dois deputados eleitos. Mas pode ser apenas um (já se brinca na Internet chamando-o de deputado da trotinete). Ou mesmo nenhum. Sim, é possível não eleger ninguém.

O líder do partido (desde 26 de janeiro de 2020) tem corrido o País de Norte a Sul e ilhas em fervorosa campanha, mas as previsões apontam no melhor dos melhores cenários para 2% das intenções de voto e apenas dois deputados eleitos. Mas pode ser apenas um (já se brinca na Internet chamando-o de deputado da trotinete). Ou mesmo nenhum. Sim, é possível não eleger ninguém.

Nunca na sua história o partido fundado por Freitas do AmaralAmaro da CostaBasílio HortaVictor Sá Machado, Valentim Xavier Pintado, João Morais Leitão e João Porto teve um combate tão grande pela sua sobrevivência. Um partido que já esteve presente em sete dos 21 governos constitucionais e com bancadas parlamentares com 46 deputados (1976) ou mais recentemente 24 (2011).

O antigo deputado e ministro do CDS, António Pires de Lima, já afirmou que o partido está "no limiar da extinção e, se não tiver juízo, corre o risco de desaparecer."

AS CAUSAS DA MORTE LENTA

Não há apenas um fator que justifique, ou pelo menos aponte, a causa do partido ter perdido 13 deputados das eleições de 2015 para 2019. A começar no desgaste quando esteve no Governo, passando pelas fratricidas lutas pelo poder, na dificuldade de conseguir passar a mensagem, na própria luta de vincar uma posição à direita quando o nome do partido puxa ao centro e claro pelo aparecimento de novos partidos que coabitam no mesmo espaço político, casos do Chega e do Iniciativa Liberal.

E não pode ser esquecido o desaparecimento de figuras importantes do CDS que simplesmente viraram as costas ao projeto, como Adolfo Mesquita Nunes (que até já revelou que vai votar Iniciativa Liberal), António Pires de Lima, Cecília Meireles (continua filiada), Francisco Mendes da Silva ou Michael Seufert, entre muitos outros. E claro, há sempre o nome de Paulo Portas.

O MESSIAS NÃO VOLTOU

Paulo Portas, agora comentador na TVI, foi entre 1998-2005 e 2007-2016 o líder do partido. E um dos que teve maior sucesso à sua frente. Seduzido por Manuel Monteiro, outro histórico do CDS e seu antecessor, Portas terá sido provavelmente a figura maior dos centristas nos últimos 25 anos. Certamente a mais mediática. E depois de ter sido "sondado" em 2020 para liderar uma coligação PSD/CDS à Câmara de Lisboa - que recusou abrindo espaço ao nome de Carlos Moedas - o seu nome voltou a ser, como é quase sempre nestes casos, indicado como o único salvador possível do partido.

Esta espécie de Messias do largo do Caldas (onde fica a famosa sede do CDS) agradece a simpatia do reconhecimento e no fundo isso até lhe afaga o ego, mas os seus planos passam por outros edifícios históricos, nomeadamente o Palácio de Belém. Paulo Portas não está disponível para voltar a ser líder partidário, mas está mais do pronto para as eleições presidenciais de 2026. Isto, claro está, se Passos Coelho não se meter ao barulho.

MONTEIRO, O REGRESSADO

Se o Messias Portas não apareceu, há no entanto outro rosto importante que voltou e que até fez campanha pelos centristas, o que já não acontecia desde 1997. Manuel Monteiro voltou a filiar-se no partido (tinha-se desvinculado há 16 anos) e embora tenha recusado ser candidato a deputado por acreditar que pode "dar um contributo maior ao CDS" na campanha eleitoral, voltou a fazer campanha e até se cruzou numa arruada com o número 2 do PS, José Luís Carneiro, que lhe desejou "bons resultados eleitorais".

Monteiro é talvez a última cartada de Francisco Rodrigues dos Santos, mas pode não ser suficiente para inverter os acontecimentos e o desastre que se avizinha no domingo. A única coisa que pode salvar o CDS é... o PSD. Caso Rui Rio vença as eleições ou consiga formar governo coligando-se com os partidos da direita, o CDS ganha um novo balão de oxigénio, podendo Francisco Rodrigues dos Santos ser ministro da Defesa.

A VIDA DE CHICÃO

Aos 33 anos Francisco Rodrigues dos Santos joga a vida do partido onde se filiou em 2011. E um pouco também a sua, embora nestas coisas da política pareça haver sempre espaço para estrondosos 'comebacks', não importa o que tenha acontecido há 5 ou 10 anos. Basta ver o exemplo de José Sócrates, que muitos diziam morto politicamente mas que apareceu nesta campanha eleitoral a dar entrevistas na televisão... a dizer que não queria interferir no processo político. Portugal é um País muito patusco, não concordam?

O advogado nascido em Coimbra, o mais velho de três irmãos, filho de uma advogada e de um oficial do exército, tem ainda de provar a surpreendente distinção dada pela revista Forbes em 2018, que o apontou como um dos "30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa" na categoria de Direito e Política. 

Francisco, que começou a ser Chicão na faculdade - alegadamente foi Paulo Portas quem prolongou a alcunha no CDS - não gosta de ser chamado assim. Fá-lo parecer adolescente e juventude na política não é sinal de responsabilidade. "Não se preocupem que a idade passa com o tempo", disse Francisco, repetindo uma frase de Manuel Monteiro.

Antes de concorrer à liderança do CDS era vogal da direção de Frederico Varandas no Sporting, clube pelo qual é adepto fanático.

A NOVA ANTIGA DIREITA

Francisco trata os militantes do partido por tu e tem o sonho de tornar o CDS no "novo partido antigo que represente a direita". Traduzido, significa voltar aos valores conservadores e cristãos da família. É contra o casamento de pessoas do mesmo sexo - prefere a designação de união - é e contra a despenalização do aborto e defende o valor da vida humana, desde a conceção até à morte natural.

No plano pessoal, Francisco - que é grande amigo do filho de António Costa, o homem que quer derrubar - é casado desde julho do ano passado com a nutricionista Inês Guerra Vargas. Ainda não têm filhos. Será ao lado dela que o líder do CDS irá acompanhar os resultados de domingo, esperançado em ressuscitar o partido.

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