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Como está a vida de Kate e Gerry McCann 18 anos depois? Vivem na mesma casa, não desistiram de Maddie e agarram-se ao orgulho nos filhos gémeos, que se tornaram jovens de sucesso

Se fosse viva, Maddie teria 22 anos e os McCann teriam, muito provavelmente, continuado a "vida aborrecida" que diziam levar à época em que a filha despareceu. Pelo contrário, cresceram na dor, na angústia e na incerteza do que terá acontecido à menina. No meio do inferno, foram os filhos gémeos, hoje com 20 anos, que os agarraram à vida e à esperança. "Hoje, vivemos uma vida relativamente normal, por vezes prazerosa", admitiu Kate, que nunca desistiu de encontrar a filha.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
04 de junho de 2025 às 19:30
Kate e Gerry McCann
Kate e Gerry McCann

Pelo segundo dia consecutivo, a polícia alemã realizou buscas na zona de Lagos, na tentativa de encontrar indícios ou provas cabais que incriminem o principal suspeito no 'caso Maddie', Christian Brueckner, e possam, finalmente dar uma resposta aos pais da menina britânica, Kate e Gerry McCann, que há 18 anos vivem um pesadelo diário sem saber o que aconteceu à filha mais velha.

A história está há muito contada. Nesse fatídico ano de 2007, o casal escolheu o Algarve para passar umas férias com os três filhos: Maddie e os gémeos, Sean e Amelie. No dia 3 de maio, o casal estava a jantar com um grupo de amigos no restaurante do resort Ocean's Club, na Praia da Luz, enquanto os três filhos dormiam no quarto, a poucos metros do espaço. Foi só quando Kate foi espreitar se os filhos continuavam o seu sono profundo que soaram os alarmes: na habitação, apenas se encontravam os gémeos, sendo que a mais velha, Madeleine McCann, tinha desaparecido sem deixar rasto. Estava a nove dias de completar quatro anos e, apesar das diversas teorias do que poderia ter acontecido, esforços e buscas policiais, nunca viria a ser encontrada.

Começava, então, o calvário de um casal que nunca conseguiu encontrar a paz. Entre o serem considerados suspeitos, as múltiplas teorias e os falsos avistamentos que enchiam, por momentos, o seu coração de esperança, Kate e Gerry prometeram nunca desistir de lutar pela filha, acreditando sempre que, enquanto não houvesse uma resposta definitiva, haveria lugar para a esperança. Mantêm-se até hoje na mesma casa, em Leicester, Inglaterra, onde o quarto de Maddie está intocado, mas cheio, uma vez que ao longo dos anos, pelo Natal e aniversário, os pais continuaram a comprar lembranças para a menina para que, se algum dia voltasse, soubesse o quanto estes a continuaram a amar.

Em Inglaterra, os McCann usaram todos os meios possíveis para lutar por Maddie, fundaram associações, escreveram livros e fizeram documentários, nunca deixando que o silêncio se instalasse por completo. Em maio deste ano, no dia em que a filha celebraria 22 anos, recorreram às redes sociais para uma partilha tocante, pouco tempo antes de os novos dados relançarem as buscas no Algarve.

"Maio é também o mês de aniversário de Madeleine – este ano o seu 22.º. Não importa quão perto ou longe esteja, ela continua a estar aqui connosco, todos os dias, mas especialmente no seu dia mais especial. Continuamos a celebrá-la como a pessoa muito querida e única que é. Temos saudades dela", escreveram os pais numa nota repleta de sentimento, publicada nas redes sociais, onde garantem que a busca por Maddie é um trabalho que nunca deixarão cair.

"Os anos estão a passar cada vez mais rápido e, ainda que não tenhamos notícias significativas para partilhar, a nossa determinação é não deixar uma única pedra por mover. E vamos fazer tudo o que seja possível para o conseguir".

A URGÊNCIA DE UMA VIDA NORMAL

Antes do inferno que se abateu sobre as suas vidas, Kate e Gerry eram um casal normal, com sonhos comuns à maioria das pessoas, levando uma vida bastante pacata, principalmente desde o nascimento dos filhos. "Éramos uma família perfeitamente normal, diria que aborrecida, até. Desde que nos estabelecemos para criar nossos bebés tão desejados que deixámos a vida agitada, passou a ser estranha para nós. Os nossos amigos brincavam frequentemente com isso. Daríamos qualquer coisa para ter aquela vida chata de volta agora", escreveu Kate no seu livro.

A vida, naturalmente, nunca mais voltou a ser pacífica, mas com o passar dos anos houve uma urgência para que conseguissem alguma normalidade, até porque os gémeos mereciam poder crescer num lar feliz. No meio do drama, foram os filhos que os agarraram à vida. Ambos médicos, Gerry, de 57 anos, foi o primeiro a voltar ao trabalho, lecionando agora numa universidade, enquanto Kate, também de 57, demoraria muitos mais anos para sentir o apelo de um regresso à normalidade perdida. Aconteceu durante a pandemia de Covid-19, quando todas as mãos eram necessárias nos hospitais do Reino Unido e desde então manteve-se no ativo, não voltando, no entanto, às cirurgias onde era médica anestesista. Atualmente, o seu papel é mais na retaguarda, mostrando-se feliz por poder, de alguma forma, ajudar, e manter também a mente ocupada, agora que os gémeos estão a sair do ninho.

Têm 20 anos e tornaram-se no orgulho dos pais, sendo ambos considerados jovens promissores. Estudam em diferentes universidades no norte de Inglaterra e Sean é um ás na natação, desde os 10 anos, sendo efetiva a possibilidade de brilhar nos Jogos Olímpicos de 2028, pela Escócia. Já a irmã, também mostra aptidão para o desporto, competindo na área do Triatlo. Apesar de terem crescido na dor, Sean e Amelie foram também o responsáveis pelos sorrisos dos pais ao longo dos últimos anos, com a família a encontrar a sua paz dentro da angústia. "Hoje, vivemos uma vida relativamente normal, por vezes prazerosa", admitiu Kate, ainda que sempre com o vazio de Maddie sempre presente.


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