
Para Cristina Ferreira, são três anos de trabalho que podem, de alguma forma, ser 'deitados ao lixo'. Se a apresentadora recebe perto de 1 milhão de euros por ano na TVI, a sentença lida pelo Tribunal de Sintra de que terá de indemnizar a SIC em 3,3 milhões de euros deixam-na numa posição necessariamente delicada. Para já, o assunto vai sendo 'empurrado' mais para a frente, com o Correio da Manhã a noticiar que a apresentadora, de 47 anos, recorreu da decisão judicial, alegando que o valor estipulado é muito superior àquele que estava definido em causa de quebra contratual (mais 1 milhão de euros). "Há uma indemnização que estava estipulada no meu contrato e a qual sei que vou ter de pagar. Não há alternativa. Estava lá, está escrito, eu pago", já fez saber a estrela que, no recurso, nm,.-alega que da parte da SIC também houve uma quebra contratual ao não permitiram que exercesse as funções de consultoria inicialmente acordadas.
Enquanto o valor final não fica decidido, há cada vez mais a certeza de uma coisa: Cristina Ferreira dificilmente conseguirá escapar a uma indemnização milionária, que levanta outro tipo de questões. Afinal, quem irá pagar a fatura?
Quando, em 2020, voltou à sua antiga estação, após a breve experiência na SIC, a apresentadora sabia que, para conseguir regressar a 'casa' teria, necessariamente, de entrar numa situação de incumprimento contratual. E se inicialmente a sensação de que pairava no ar era a de que, de alguma forma, a TVI se 'chegaria à frente' caso houvesse uma condenação, rapidamente o assunto foi esclarecido, e publicamente, para que não restassem qualquer tipo de dúvidas.
"É falso que Mário Ferreira tenha dito que ‘é a TVI que vai pagar [a indemnização à SIC], por isso é indiferente para a Cristina’ e que tenha acrescentado ‘vem para cá não te preocupes’ como de forma fantasiosa cita o referido comentador e que essa tenha sido a razão da sua mudança da SIC para a TVI", escreveu a estação, depois de o assunto ter sido abordado no programa da CMTV, 'Manhã CM'.
O comunicado acabou por ser um dois em um: ao mesmo tempo que esclareciam publicamente qual era a sua posição em relação ao processo, do qual se demitiam de quaisquer responsabilidades, também o faziam perante Cristina, para que não houvesse quaisquer ilusões em relação ao desfecho do caso.
Para já, o assunto vai continuar a ser analisado na Justiça, ainda que uma coisa seja certa: qualquer que seja o desfecho do caso, Cristina Ferreira não se arrepende minimamente da decisão que tomou. Na SIC, a apresentadora nunca se sentiu feliz, apoiada, além de que nunca conseguiu, na verdade, fazer aquilo a que se tinha proposto (e que lhe teriam proposto) que era poder tomar decisões no entretenimento e construir uma televisão à imagem daquilo que tinha idealizado.
NOVA VIDA, PROBLEMAS ANTIGOS...
Cristina Ferreira está nitidamente mais feliz na TVI, ainda que, claro, como é natural, nem tudo sejam rosas. E há uma questão sobre a qual nem tudo será exatamente como a apresentadora idealizou, principalmente no que que toca à tomada de decisões. Conhecidos são os braços de ferro com José Eduardo Moniz, que veio baralhar um bocadinho as contas na estrutura hierárquica.
Apesar da tensão subjacente, os dois têm conseguido gerir o assunto nos bastidores e de forma politicamente correta.
Quatro anos depois do regresso à estação, Cristina entrou agora numa espécie de velocidade de cruzeiro, retomando também aquelas que, no fundo, sempre foram as suas funções originais, e com as quais se sente como peixe na água. A dupla com Cláudio Ramos aproxima-a, de alguma maneira, do público e da Cristina da Malveira que inicialmente conquistou os portugueses e o reality show faz o twist para os programas a solo, onde a apresentadora pode brilhar por conta próprio.
Na tomada de decisões, o terreno é um pouco mais pantanoso, mas aqui e ali, a diretora da estação vai conseguindo impor as suas vontades e, de alguma forma, levar a bom porto alguns dos seus projetos mais sonhados.