
Os amigos nunca lhe conheceram outra namorada e garantem que Carla é quase indissociável do percurso de Luís Montenegro. Estão juntos há mais de 30 anos, numa daquelas histórias de amor convencionais que resultou em casamento, filhos e que deverá seguir o clássico 'ficaram juntos para sempre'.
Ainda que nem tudo tenha sido um mar de rosas para os dois, que tiveram, várias vezes, de enfrentar longos períodos de distância. Quando os filhos ainda eram pequenos, Montenegro era deputado em Lisboa e passava a maior parte do tempo na capital, enquanto Carla, de 50 anos, se assegurava dos bebés, na casa de família em Espinho
"Foi muito duro. A minha mulher fez um esforço enorme nos primeiros anos de vida dos nossos filhos porque eu passava metade da semana fora de casa, mas era preciso conciliar o emprego dela com todas as tarefas subjacentes ao período em que os meus filhos estavam fora da escola, portanto tinham de fazer os trabalhos", explicou Luís Montenegro.Não foram um nem dois anos, mas sim 17 aqueles em que o agora líder da AD passava a vida na estrada: durante a semana rumo a Lisboa e aos fins de semana em direção ao Norte.
"Uma das razões pelas quais não mudámos toda a vida familiar para Lisboa foi porque o meu filho mais velho foi o primeiro neto dos meus pais e dos meus sogros e a ajuda dos avós acabou por ser determinante para poder complementar a minha ausência. Se nos tivéssemos mudado para Lisboa perderíamos esse apoio de retaguarda. Foram períodos difíceis. Na altura vivíamos num terceiro andar sem elevador e a minha mulher muitas vezes levava os filhos ao colo quatro vãos de escadas até chegar a casa. Do ponto de vista mental e físico era duro. E era duro para mim estar a perceber isso à distância, mesmo que às vezes não expressasse esse incómodo", disse o homem-forte dos Democratas.No entanto, e de acordo com a revista 'Sábado', que esta semana traça o perfil das mulheres dos principais candidatos a Primeiro-Ministro, este cenário deverá mudar em breve. Isto porque Carla, que nunca quis mudar-se para Lisboa, estará disposta a fazer agora essa cedência por amor, tornando-se, se os portugueses assim o decidirem, na nova Primeira-dama na capital.
Para tal, ajudará o facto de os filhos já estarem lançados na vida, ainda que familiarmente a sua vida tenha sido abalada recentemente pela morte do pai, em plena campanha eleitoral.
Para trás, ficará o trabalho na ADCE – Associação de Desenvolvimento do Concelho de Espinho, onde trabalha desde 1997 e desenvolve o seu serviço junto de crianças desfavorecidas.
A ÚNICA POLÉMICA DO CASAMENTO
Durante os mais de 30 anos de casamento, Montenegro e a mulher estiveram sempre longe dos principais holofotes, sendo que a estabilidade do enlace nunca foi questionada, até que em 2014, uma capa da revista colocou o enlace nas bocas do Mundo pela primeira vez.
Estávamos a 23 de maio desse ano quando a revista 'Nova Gente' ligou, na mesma capa, Luís Montenegro a duas mulheres famosas: Isabel Figueira e Judite Sousa, afirmando que o então líder da bancada Parlamentar do PSD vivia um triângulo amoroso com a atriz e a jornalista.
Luís Montenegro deparava-se, então, com o apelativo título da publicação, que afirmava que Isabel Figueira e Judite Sousa estavam a sair com "o mesmo homem casado", com base em duas fotografias paparazzi. Numa delas, o agora candidato a primeiro-ministro aparecia ao lado de Judite Sousa, num convívio de amigos.
Noutra, Isabel Figueira surgia na praia ao lado de um homem que a 'Nova Gente' identificava ser Luís Montenegro. Só que não era. Tratava-se de um amigo da apresentadora, Henrique Blanc, com algumas parecenças físicas com o político, com a polémica a explodir imediatamente.
Revoltado, Luís Montenegro não hesitou em enviar um comunicado às redações, através do seu advogado, sobre o "indesculpável e inaceitável erro" publicado pela revista, garantindo que nunca foi confrontado pela publicação sobre as referidas imagens.
Também Judite Sousa acabaria por vir a público falar sobre o assunto para repudiar a capa da publicação.
"Sou amiga pessoal e da família dele [Luís Montenegro]. Ele esteve no meu casamento", afirmou a então diretora adjunta de Informação da TVI. E, na verdade, os dois mantinham, então, uma amizade que levou, por exemplo, o agora candidato a Primeiro-Ministro a marcar presença, por exemplo, em lançamentos de livros de Judite Sousa.
Foi a única vez que Luís Montenegro viu o seu casamento questionado, mas tudo não passou de uma enorme confusão.
A TRISTEZA DE PERDER DOIS FAMILIARES
Durante a campanha eleitoral, Luís Montenegro, de 50 anos, deu algumas entrevistas mais pessoais, onde falou sobre algumas questões importantes que marcaram a sua vida, nomeadamente o facto de ter perdido duas das pessoas mais importantes: o pai e o irmão, este último com apenas 45 anos.
"Já perdi o meu pai, que morreu muito cedo com 66 anos. Já perdi o meu irmão mais velho, que morreu ainda mais cedo, com 45 e eles (os filhos) conviveram com um e com o outro", disse Luís Montenegro, acrescentando que esse é um assunto delicado na sua vida e que o marcou profundamente. "É um vazio. Falta-nos qualquer coisa… A nossa individualidade não está completa, não está preenchida. Gostava muito que o meu pai estivesse aqui hoje ao meu lado. E gostava que o meu irmão não tivesse tido a fatalidade que teve", acrescentou.
"O meu pai estava na aldeia quando teve um agravamento da situação de saúde, depois veio de Bragança para Gaia para o hospital e acabou por falecer. Eu estava a jantar em casa dos meus sogros quando a minha mãe me ligou a dizer que lhe tinham ligado do hospital... E foi também à mesa que eu soube não da morte do meu irmão, mas do problema que o tinha atingido. Eu estava a começar a almoçar quando a minha mãe me ligou a dizer o que estava a acontecer, mas ainda cheia de esperança de que a situação se podia reverter, mas eu tive um instinto imediato de que isso já não ia acontecer. Pus-me no carro com a minha irmã e a minha mulher", detalhou, explicando que conduziu até ao Douro, onde a família tem uma quinta e onde o irmão se sentiu mal. Devido ao facto de ser um local remoto, o socorro acabou por não ser tão célere e o homem, de 45 anos, faleceria mais tarde.
"Ele estava na quinta que temos no Douro e teve um ataque súbito, cuja intervenção para recuperação demorou um bocadinho, não por um falhanço do sistema de socorro mas porque a quinta é isolada e a acessibilidade não é fácil".A última das perdas já foi em 2017, mas Luís Montenegro assume que não é fácil viver com a saudade.
"Eles (os filhos) sabem que eu sinto muito profundamente essas perdas e que algumas alturas do ano... eu gosto de estar com eles, de recordar os tempos em que vivemos".