Desde que as duas filhas saíram de casa que o Natal passou a ter um significado ainda mais especial para os reis de Espanha, que a partir do dia 20 voltam a ter aquela sensação de casa cheia, que lhes aquece o coração, com o regresso ao Palácio da infanta Sofia – que se encontra em Lisboa a iniciar o seu percurso universitário - e também da princesa Leonor que, depois de ter estado a bordo do navio Sebastian El Cano continua a sua formação militar na academia militar.
É, por isso, um Natal de reencontros, em que não só pais e filhas vão poder passar tempo de qualidade como as irmãs aproveitam para matar saudades, sendo comum planearem alguma escapadinha a duas.
No entanto, certo é que o Natal será, como habitualmente, vivido no Palácio Zarzuela, numa celebração que acaba por ser bastante intimista, uma vez que há muito que a família real espanhola está espartilhada, com Letizia a não gozar de grande popularidade junto das irmãs e da mãe de Felipe VI.
Em relação ao menu da Consoada, apesar de a rainha ser habitualmente muito rigorosa em relação à alimentação dentro do Palácio, nesta data abre algumas exceções.
Entre o menu natalício há habitualmente, tostas de salmão fumado com zimbro, presunto ibérico, foie gras, enguias e pudim de marisco como entradas. Estas são sempre acompanhadas por sopa de amêndoa, um dos pratos favoritos da Rainha Letizia. Para o prato principal, o peru recheado é servido, numa refeição em que Letizia está muito presente, uma vez que neste dia específico, a família real liberta todo o seu staff para que possa passar a quadra junto com as respetivas famílias.
Como sobremesa, além dos típicos doces de Natal, haverá sorvete de fruta, a favorita da mãe de Letizia, Paloma Rocasolano, que se junta anualmente às celebrações da família. Incógnita será se, por exemplo, a rainha emérita Sofia também irá estar presente na Consoada, ou se por outro lado vai passá-la junto das filhas.
NATAL ENVOLTO EM POLÉMICA
Neste Natal paira ainda uma sensação de tensão no seio da família real espanhola.
Na memória de todos ainda estão bem frescas as declarações do rei emérito, Juan Carlos, que no livro que lançou recentemente, não poupou críticas a Letizia.
Sobre a nora, Juan Carlos admite que sempre teve um ascendente forte na vida de Felipe e que as mudanças começaram logo no início da relação, com este a afastar-se "não só dos pais e das próprias irmãs" como também de alguns amigos de infância.
Apesar das divergências, Juan Carlos tinha esperança que, com o passar dos anos, pudesse haver uma maior harmonia na família, algo que, admite, nunca aconteceu e que o rei fazia para que não fosse notório nos compromissos públicos em que tinham de estar juntos. "O sucesso deles enquanto casal era uma garantia para o futuro da Coroa."
A maior dor, afirma agora Juan Carlos, prende-se com o facto de a má relação com Letizia ter interferido na convivência com as netas, Sofia e Leonor, que o rei emérito afiança que, apesar de afetuosa, nunca foi cúmplice, à semelhança do que acontecia com os seus outros netos. “Elas são muito elegantes e afetuosas, mas entristecia-me não poder estabelecer um relacionamento mais pessoal com elas, contar histórias, partilhar refeições em restaurantes, viajar com elas, levá-las a assistir a jogos, como fazia com os meus outros netos."
No livro, Juan Carlos elogia a forma como o filho e a nora educaram as filhas, mas diz que sempre lhes faltou esse contacto próximo com a família, algo que não era apenas dirigido a si, mas também à mulher, a rainha Sofia. "A minha mulher nunca pôde recebê-las sozinha em Palma, como costuma fazer com todos os seus primos. Ela via as netas ocasionalmente, mas adoraria tê-las visto com mais frequência, especialmente porque moram a apenas cem metros de distância. Queria transmitir-lhes a nossa genealogia, história e valores familiares. E alguns conselhos de uma ex-rainha com um histórico impecável para uma futura rainha", disse, acusando Letizia de não se esforçar por contrariar a sua natureza e de ter tentado criar pontes entre a família, ao contrário do que ele próprio afirma ter feito. “Sempre fui um lobo solitário (foi assim que fui criado), mas cumpri o meu papel de homem de família de coração: reunia os meus filhos com a avó para o almoço de domingo, as minhas irmãs e as suas famílias para o Natal, e sempre estive disponível para meus primos, sobrinhos e sobrinhas, e meus muitos afilhados.”
