Ena Pá 2000 para o réveillon: Provavelmente a “pior” passagem de ano do mundo… mas que ninguém pode ou quer perder

"Não podemos durar para sempre. Nem sequer eu posso viver para sempre" ironiza Manuel João Vieira, o homem que, em meados dos anos 80, idealizou os Ena Pá 2000, provavelmente a mais insurreta, incorrigível, incómoda e desconcertante banda da história da música portuguesa. O grupo anunciou o ponto final na carreira para a meia-noite deste sábado e promete fazer de tudo para honrar o seu legado, o que por outras palavras é o mesmo que dizer que, literalmente, vai dar asneira. "Vamos acabar da melhor maneira que conseguirmos", garante o músico. 

Para ouvir, pela última vez, está o chorrilho de impropérios, de provocações e asneiredo a que os Ena Pá 2000 nos habituaram ao longo de quase 4 décadas a pedalar na "bosta" com o seu porno-pop ou humor pornográfico. Para recordar está, por exemplo, a ‘Joana Banana’, a ‘Marilu’, um tal de ‘cruel’ que meteu "a filha num bordel", o "Drogado’ que não tem cuidado, a ‘Vida de Cão’, o ‘politicamente incorreto’ ou o ‘Baltazar que tem muito azar". Tudo coreografado ao vivo e a cores pela dupla que responde pelo nome de Valkirias, provavelmente as bailarinas mais anti-tusa do mercado. 

Os bilhetes para o concerto, que deverá terminar por volta das seis horas da manhã, estão disponíveis por 37,45 euros e incluem a oferta de duas bebidas e champanhe à meia-noite. Victor Gomes, "o genial e estrela maior do rock dos anos 60", fará parte desta festa especial, com um "momento único e não repetível de revisitação de originais." Ao longo da noite, espera-se em cartaz "uma galeria de personalidades obsessivo-compulsivas" no DJset, como Gazada, Caroline Letho e No Nazis in Punk.

Foi em tom irónico e humorístico que os Ena Pá 2000 anunciaram,  em comunicado, o fim da carreira. "O concerto pré reforma da banda que nunca conseguiu o que queria com a Marilú!", lia-se. Na altura, muitos consideraram a hipótese do anúncio não ser mais do que uma jogada de marketing, mas a verdade é que Manuel João Vieira acabaria por confirmar a despedida. 

 "Todos nós já estamos a fazer uma certa idade, já andamos aqui há alguns anos e nunca parámos  e se calhar está no momento de parar. Neste momento eu até tenho um filho bebé", lembra o músico que fez 60 anos no passado mês de outubro. 

A LUTA PELA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTINUA!

Não se pense contudo que, com o fim dos Ena Pá 2000, Portugal vai deixar de ouvir falar naquele que já foi candidato à presidência da República. Manuel João Vieira revela mesmo que está já a "magicar" um novo projeto que "junta política e religião com vista a preparar o princípio do apocalipse que está aí à porta", vaticina. "As pessoas parece que não querem acreditar, mas o aquecimento global é uma coisa muito séria". Ainda assim e antes de fechar por completo a porta dos Ena Pá 2000, Manuel João Vieira garante que o grupo vai honrar os concertos que já tinha agendados e revela que há um disco novo que já estava feito e que em breve poderá ver a luz do dia.