As paixões de Giorgio Armani: do grande amor que perdeu para a HIV ao último companheiro a quem deixa a sua fortuna
Vida do criador de moda ficou marcada por duas grandes tragédias, uma das quais com o homem que mais amou. O último companheiro deverá ser o próximo diretor criativo da Armani e herda parte da sua fortuna.Giorgio Armani viveu intensamente os seus 91 anos, com muitas conquistas profissionais, mas também dissabores, muitos deles na sua vida mais privava. O estilista, que morreu na última quinta-feira, dia 4, vivia-a de forma recatada e discreta, mas nas entrevistas mais intimistas que deu acabaria por falar sobre os momentos mais tristes que marcaram a sua vida, sobretudo no amor.
Começou com o primeiro amor, quando ainda era criança. A primeira namorada do estilista era sua vizinha, mas acabou por morrer de forma repentina, com apenas oito anos, algo que o marcaria profundamente.
"Chamava-se Wanda e morava a três quarteirões da minha casa. Tinha assim uma aparência exótica, com uma tez levemente étnica: cabelo liso, risco ao meio, um pouco como as meninas de hoje em dia. Foi a minha primeira namorada e teve uma morte horrível. Foi esmagada por um camião", contou.
Várias décadas mais tarde, e numa fase em que a sua sexualidade já estava bem mais definida, viveria aquele que foi o seu grande amor, o arquiteto Sergio Galeottico. Conheceram-se durante uma viagem de trabalho e, segundo contam, foi amor à primeira vista. Pouco tempo depois, estavam a trabalhar juntos na marca de Armani.
“‘O Sergio viu minhas roupas e percebeu que eu poderia chegar longe. Naquela época, o mundo da moda em Milão era comandado por pessoas um pouco mais velhas. Eu era jovem e tinha outras motivações”.
O relacionamento com o arquiteto confirmou aquilo que há muito Armani já sentia, que gostava de homens, passando a viver a sua sexualidade mais livremente. No entanto, o grande amor que começou na década de 70 acabaria por ter um fim trágico, uma vez que em 1985 o arquiteto acabaria por falecer, com apenas 40 anos, com complicações resultantes da HIV, numa dor nunca ultrapassada pelo estilista.
"Quando o Sergio morreu, uma parte de mim morreu também. Suportei uma dor tão intensa que hoje parabenizo a forma como encarei essa fase da minha vida", disse, revelando como foram os últimos tempos do seu relacionamento: "Passei muito tempo hospital, mas continuei sempre a trabalhar e levava as fotos dos desfiles de moda para ele ver. Nos últimos dias, ele tinha lágrimas nos olhos. Foi um momento extremamente difícil, que tive que superar."
Só muito tempo mais tarde é que voltaria a encontrar a serenidade no amor, ao lado de Leo Dell'Orco, seu último parceiro e braço direito também nos negócios, que herdará agora parte da sua fortuna, estimada em 13 mil milhões de euros. Fala-se também que, muito provavelmente, será ele o próximo diretor criativo da Armani, num legado do companheiro que promete honrar.