
A apresentadora Júlia Pinheiro, de 60 anos de idade, tenta manter as rotinas e dar uma imagem de normalidade em público, mas está em sofrimento. Após um 'annus horribilis' de 2022, em que foi internada duas vezes, e numa delas submetida a uma cirurgia à vesícula que não resolveu o seu problema de saúde, a popular comunicadora da SIC tenta esconder os efeitos da doença que lhe foi, finalmente, diagnosticada: Dor Neuropática.
"Estive internada por duas vezes. A primeira vez, para uma cirurgia à vesícula. Após a vesícula extraída, pensei que tudo correria bem e que o incómodo desapareceria. Mas a dor voltou. E era uma dor terrível. Era excruciante. Fiquei de facto muito preocupada. Sem diagnóstico, sem respostas, equacionei o pior", confessou nas suas redes sociais.
A apresentadora assumiu ter tido a coragem de pedir uma segunda opinião e revela ter sido a sua melhor opção: "Mudei de hospital. Não há que ter receio de pedir uma segunda opinião. Uma segunda opinião não invalida o que de bom acontece com a primeira equipa. Conclusão: sofro de Dor Neuropática. É um problema crónico com o qual tenho de aprender a viver. Julgava tratar-se de algo muscular. Não é. É uma dor crónica que pode aparecer na ausência de analgésicos. E aqui estou eu, com analgésicos. E com uma bateria enorme de exames feitos. Alguns deles mais invasivos que outros e que, por isso, obrigaram a anestesia geral. A equipa clínica foi estupenda. Mesmo quando me negavam os pedidos gastronómicos: leitão, perguntava eu. Nem pensar, ouvia de troca".
Ela sofre, mas esconde
Quem a vê todos os dias em televisão pensa que Júlia Pinheiro tem a sua doença completamente controlada, mas isso é a mais pura das falsidades. A estrela das tardes da SIC está em profundo e constante sofrimento com a doença crónica que lhe foi diagnosticada e só se aguenta mais estável com a toma de fortes analgésicos, pois ainda não há cura para a Dor Neuropática.
Sendo uma figura pública, que está em contacto direto com o público, Júlia tenta esconder os sintomas da dor crónica que a martiriza todos os dias e garante - como o fez recentemente durante uma entrega pública de prémios - não ter "qualquer tipo de limitação". Ora, não é bem assim. A Dor Neuropática não só é crónica, como ocorre quando os nervos, quer os do Sistema Nervoso Central quer os periféricos, estão danificados e afetam o controlo motor.
Segundo os especialistas, este problema afeta até 10% da população mundial e pode ser incapacitante, causando diferentes sensações de dor. Os sintomas da doença podem ser confundidos com os da Fibromialgia, pois ambos causam dores extremas ao paciente. No entanto, a diferença entre eles está na localização da dor. A Fibromialgia causa dor generalizada, enquanto a Dor Neuropática provoca dor em locais muito específicos do corpo.
"Habituei-me a um conceito que tem tudo de provisório e nada de garantido. Mas a verdade é que me habituei à (aparente) saúde de ferro. Habituei-me a não parar. A ignorar os pequenos sinais do corpo que nos vão dando pistas. Até que um dos sinais, farto de ser ignorado, gritou mais alto. E fez-se ouvir. A tal ponto que deixei de fazer este programa que é atualmente o meu principal dever profissional e um enorme prazer. É esquisito. Quando chegamos a uma certa idade, é esquisito e desconfortável a interrupção brusca de rotinas. As rotinas dão-nos tranquilidade", escreveu também a mãe de Rui Maria, Matilde e carolina.
Os sintomas da doença de JúliaA dor é bem localizada e pode afetar um lado do corpo ou da região (por exemplo, um lado da perna, do braço, do tórax ou na face. A Dor Neuropática é uma sensação de incómodo evidente, e pode estar presente o tempo todo ou surgir em crises cíclicas. Os sintomas são variados e podem dar a sensação de queimaduras, formigueiro, agulhas a picar em determinados pontos ou choques elétricos nos músculos que fazem com que o paciente perca o controlo dos mesmos.
A medicina ainda não encontrou cura para as lesões da Dor Neuropática e por isso os clínicos usam anticonvulsivantes por via oral para diminuir os espasmos, reduzindo a atividade elétrica dos nervos ou bloqueando as dores sentidas em determinadas passagens nervosas.
Além disso anestésicos e antidepressivos impedem a passagem das dores nos pontos afetados e atuam nos estados depressivos, que geralmente acompanham a neuropatia. No limite pode-se recorrer à cirurgia, mas apenas para aliviar os sintomas, permitir um sono mais tranquilo e melhorar a autoestima do doente.