"O meu pai queria [cortar-me as asas], tanto que um dia levei um tabefe, um tabefe é uma chapada", começou por referir, explicando: "Estava a ouvir um disco novo da Tonicha, eu estava na sala de jantar, o meu pai chegou eu estava com uns auscultadores e só me lembro de o meu pai ver a capa do disco, ver-me a ouvir o disco e vir por trás de mim, dar uma chapada na cara e dizer que não queria cantorias em casa".
"Eu era uma criança. O meu pai, embora nos pudesse facilitar tudo dentro das posses dele, o meu pai não queria o meu mal, queria o meu bem. Por isso é que ele queria sempre que eu fosse empregado de escritório, que fosse para as finanças", prosseguiu o cantor de 78 anos.
"Não senti mágoa, eu sentia era que não merecia. (…) Ele nunca assistiu a um concerto meu. Foi a única pessoa que não me deu um beijo e isso custou-me muito, tinha 18 anos, e fiquei com uma mágoa muito grande. Mais tarde aconteceu a mesma coisa e ele disse-me para dar beijinhos à minha mãe. Mas ele não era má pessoa, toda a gente gostava do Sr. Silva", acrescentou.
"Eu já desculpei isso tudo ao meu pai. O meu pai não está vivo, a minha mãe também não, a minha irmã também não, e só tenho é que... pronto, foi uma passagem da vida, não tenho de os condenar por nada", concluiu.
