Marta Melro dá grito de revolta: "Somos as p**** que mostram o corpo porque precisam de trabalho"
A atriz dá voz à frustração de uma classe que passa sérias dificuldades, acentuadas pela pandemia, num texto duro.
Agastada como a classe artística é tratada em Portugal, a atriz Marta Melro, 35 anos de idade deixou um grito de revolta. É mais uma chamada de atenção para uma classe que está a passar por sérias dificuldades, acentuadas pela pandemia.
"É válido para qualquer contexto mas não posso deixar de sentir que, mais do que nunca, este é o sentimento geral perante os artistas", começou por escrever a atriz num longo texto partilhado nas redes sociais.
"Somos vistos como fúteis (muitas vezes fruto das não notícias que tantas vezes saem e que alimentam este sentimento de ódio), como preguiçosos, como fracos, como dispensáveis, como inúteis. Atiram pedras e julgam que nada fizemos para chegar onde chegamos, que temos cunhas ou então que nos pusemos ao comprido", lamentou.
E, no caso das mulheres, as críticas e o preconceito agravam-se, acusadas muitas vezes de usar o corpo para conquistarem notoriedade ou apenas trabalho.
"Se fores mulher e artista então ainda há mais ódio para destilar. Somos as p**** que mostram o corpo porque precisam de trabalho (porque está fora de questão alguém pensar que pura e simplesmente somos livres e confiantes para o fazer sem segundas intenções). Somos as porcas que deviam lavar escadas. Somos as músicas, os filmes, a dança, a fotografia, a poesia, as telas que deviam desaparecer para ir cavar a terra", criticou de forma dura.
"Devíamos desaparecer, somos dispensáveis para a sociedade. Assim o diz uma sociedade cada vez mais tacanha e enraivecida, assim diz o governo que nada faz para dignificar a classe", concluiu Marta Melro.