
José Castelo Branco e Betty Grafstein casaram a 27 de novembro de 1996. Quase 30 anos de uma união rodeada de polémicas que culminaram numa acusação de violência doméstica, em maio, da norte-americana contra o marido, quando ainda estava internada num hospital particular em Cascais, a recuperar de alegadas agressões.
Com grande parte da vida em comum entre a casa de Sintra e o apartamento de Nova Iorque, rodeados de joias, marcas de luxo, festas sumptuosas e outras mordomias, muitos questionam o que é verdade e mentira na relação de José Castelo Branco e Betty Grafstein. Alguns chegam a apontar a excentricidade do socialite português como uma fachada, criada propositadamente para alimentar as histórias de grandeza na comunicação social e nos salões da alta sociedade.
No meio de todas as incertezas e suspeitas, há o título de Lady, ostentado por Betty Grafstein, que muitos colocam em causa. Segundo o fotógrafo e cronista social Abel Dias, que conheceu Betty Grafstein numa altura em que o destino da americana ainda não se tinha cruzado com o de José Castelo Branco, nessa época "não havia Lady nenhuma". "A Lady nasceu com o Castelo Branco", revela em declarações à TV Guia, confirmando que o título de Lady lhe teria sido atribuído pelo consultor diplomático irlandês Anthony Bailey, de quem Betty se tornou amiga pessoal e não pela realeza britânica, pelo facto de a avó ter sido dama de companhia da rainha Mary, algo que nunca se conseguiu comprovar.
Uma família simples, "quase campesina"
Abel Dias garante que Betty nunca lhe contou essa história. Segundo o fotógrafo, essa versão foi sendo alimentada por José Castelo Branco ao longo dos anos. Ao contrário, "Betty sempre falou da família como sendo muito simples, quase campesina", recordou Abel Dias à publicação.
José Castelo Branco defende-se e assegura a veracidade do título e que a história foi partilhada pela mulher. "A Betty está muito confusa, nós estivemos muitas vezes com a família real, algumas pessoas faziam-lhe cortesia outras não. O resto não posso dizer nada. Eu sei quem são os verdadeiros pais da Betty, mas ela pediu-me para levar esse segredo para o túmulo. Agora, que ela é ‘royal’, é. A Betty contou-me e não é mentirosa."
Também o filho de Betty Grafstein, Roger Basile sustenta que o título de Lady da mãe não veio da rainha de Inglaterra, mas sim do conselheiro irlandês, relações públicas e consultor diplomático Anthony Bailey. De acordo o artigo recentemente publicado pela 'Vanity Fair' sobre Betty Grafstein e José Castelo Branco, Bailey era convidado frequente das festas do socilite português e da joalheira norte-americana e que terá ajudado a reavivar a Sagrada Ordem Militar Constantiniana de São Jorge e a Real Ordem de Francisco I, uma ordem de cavalaria católica.
Lady: verdade ou fantasia?
A jornalista norte-americana Alice Hines, que acompanhou o casal ao longo de vários meses para escrever o artigo da 'Vanity Fair', tentou encontrar o nome de Betty nos registos de cavaleiros e damas homenageados pelos monarcas do Reino Unido sem sucesso. Quando questinou o casal, foi-lhe dito que Betty recebeu o título de dama numa cerimónia em 2001, e que a medalha e as fotografias do evento encontravam-se na casa de Sintra.
No artigo da publicação norte-americana, pode ler-se que, de acordo com José Castelo Branco, Bailey terá dito ao casal que o título de Betty tinha sido aprovado pela rainha de Inglaterra. "A entrada da Sra. Grafstein numa ordem italiana, agora caduca, em 2001, permitiu a José [Castelo Branco] afirmar, 23 anos mais tarde, que ela era uma Lady ou senhora britânica, é claramente o delírio de um fantasista perturbado", disse Bailey a Alice Hines. "Eu não sou um mentiroso", defendeu-se Castelo Branco à publicação norte-americana.
Para o filho, Roger Basile, a responsabilidade não é de Betty mas sim do socialite. "A minha mãe nunca se fez passar por mais do que era. O José impingiu estas histórias e elas tornaram-se celebridades em Portugal. E ela alinhava nisso porque gostava da atenção", justificou o empresário norte-americano à revista.
Quando confrontada por Alice Hines sobre as incoerências da sua biografia, Betty começou por dizer que não tinha tido tempo para rever os pormenores. Com a insistência de Roger, Betty acabou por admitir que José Castelo Branco tinha "inventado histórias" sobre ela, incluindo sobre a sua condição de Lady e sobre a sua avó adotiva, que teria sido dama de companhia da rainha Maria.
No entanto, anteriormente, a joalheira norte-americana tinha confirmado que foi na adolescência que ficou a saber que era descendente da realeza britânica, depois da mãe adotiva lhe ter contado o segredo de família. Mas, depois, parece ter mudado de ideias. "No final, Betty não conseguia ter a certeza se as memórias da sua infância eram reais ou se José as tinha inventado", concluiu Hines.