
Fátima Lopes viveu um burnout. O corpo da apresentadora acusou o excesso de trabalho e obrigou Fátima a abrandar e a mudar algumas rotinas. Tudo aconteceu quando estava inundada de trabalho na TVI, em 2018.
"Em 2018, o ritmo era alucinante. Calhou ter na mesma altura vários projetos profissionais ao mesmo tempo, que implicavam não ter dia nenhum de descanso. Tinha um programa diário, o A Tarde é Sua, e tinha um programa que passava no fim do dia, que gravava em Espanha, e ia sempre dois, três dias a Espanha para gravar uma média de 12 horas por dia. Depois, tinha ainda o 'Conta-me Como És', que gravava sempre que possível dois de cada vez, e que passava ao sábado. Portanto, de repente, os meus dias eram muito mais longos do que era suposto e as minhas semanas não tinham um único dia para respirar. E isto vai deixando um cansaço acumulado, que mais lá para a frente acaba sempre por trazer uma fatura que não é simpática", contou numa entrevista ao 'Observador'.
"Ali pelo mês de outubro começou a acelerar. Novembro também, dezembro já foi acelerado, janeiro e fevereiro foram péssimos nesse aspeto, péssimos. Porque aí é que não restava quase tempo nenhum. Há que acrescentar a isto, ao tempo físico que não tens para descansar, o tempo que não tens para estar com as pessoas que são importantes para ti. Porque isto também é importante. Nós também nos equilibramos e também nos restabelecemos quando temos tempo para estar com os nossos e com as pessoas que nós amamos. Quando isso também não existe, não tens nenhum sítio onde faças uma descompressão daquilo que foi o teu dia, a tua semana, o teu mês. Para uma pessoa muito ligada à família como eu, em que é muito importante ter tempo para estar com os meus filhos, aquilo começou a pesar-me verdadeiramente. Então, ali pelo mês de fevereiro, o cenário já estava um bocadinho complicado para o meu lado", relata numa entrevista que aborda a saúde mental. "Cansa-te. Não tens força anímica. Quando digo que fazes tudo em esforço, é mesmo fazer tudo em esforço. Por exemplo, um dos sinais mais evidentes do burnout é teres muita dificuldade em leres o que quer que seja sem te perderes. Estava a ler os textos do A Tarde é Sua para uma entrevista. Eu perdia-me no meio dos parágrafos. Ia a meio do parágrafo e já não me lembrava o que tinha lido no início. Então tinha de voltar lá. E tens de fazer um esforço acrescido porque sabes que se não registares o parágrafo todo há metade da história que não vais apanhar. Consegues, mas esforçando-te ainda mais. E no meu caso, que tinha esta consciência, ainda te sentes mais aflita porque sabes o que está a acontecer. Fui tomando consciência do que me estava a acontecer", descreve.
"Cansa-te. Não tens força anímica. Quando digo que fazes tudo em esforço, é mesmo fazer tudo em esforço. Por exemplo, um dos sinais mais evidentes do burnout é teres muita dificuldade em leres o que quer que seja sem te perderes. Estava a ler os textos do A Tarde é Sua para uma entrevista. Eu perdia-me no meio dos parágrafos. Ia a meio do parágrafo e já não me lembrava o que tinha lido no início. Então tinha de voltar lá. E tens de fazer um esforço acrescido porque sabes que se não registares o parágrafo todo há metade da história que não vais apanhar. Consegues, mas esforçando-te ainda mais. E no meu caso, que tinha esta consciência, ainda te sentes mais aflita porque sabes o que está a acontecer. Fui tomando consciência do que me estava a acontecer", descreve.
"Ao fim dos primeiros três meses, até daquela ressaca do Natal em que o contacto familiar não foi tão calmo como gostaria. Mas não te apercebes disso na altura, apercebes-te depois. Em janeiro começo a perceber que qualquer coisa não está bem. É a exaustão, é a dificuldade de concentração, que é muita, a dificuldade de memorização, que é muita, o sono que não tem qualidade. Estás cheia de sono, deitas-te, dormes uma hora e estás acordada. E a partir daí, a noite é um combate. Estás deitada, à espera da oportunidade de voltares a adormecer, rezando a todos os santinhos para que seja um período um bocadinho mais alargado. Depois, há este tal cansaço que dizia, uma certa apatia. Há por um lado esta coisa de não parar, mas por outro lado há momentos em que te sentas e parece que estás anestesiada. Estás apática. Alguém vem, diz qualquer coisa que é suposto reagires, e não tens força para reagir. Ouves e dizes, está bem. Acho que são os momentos em que folgas interiormente sem te dares por isso. Dizes, está bem. Do género, agora não tenho de dizer mais nada, vou ficar por aqui. Esta questão da apatia também é importante. E há um outro sinal: chama-se tristeza. Há uma tristeza que se vai instalando. Há momentos em que estás triste na vida e sabes que tens razão para estar triste, porque estás a enfrentar um divórcio, morreu-te um parente, ficaste sem trabalho… Mas agora olhas para a tua vida de forma fria e com distanciamento e dizes que não há razão para estar triste. As coisas estão onde era suposto estar. Concretizei aquilo que queria, tenho as pessoas que amo. Estou triste porquê? Estás triste porque provavelmente tens um burnout, ou um princípio de burnout. E isso é como se mudasse a lente que tens perante a vida e vês tudo de uma forma distorcida", acrescenta.
Fátima teve de fazer um ultimato à TVI, onde então trabalhava, para não ir até ao fundo do poço. Foram tempos difíceis mas a apresentadora diz ter recuperado, com ajuda e com exercício físico. Agora, assegura, está muito atenta aos sinais, para não voltar a viver o mesmo outra vez.