Na leitura do acórdão da 'Operação Pretoriano', a juíza dirigiu-se diretamente a Fernando Madureira – condenado a três anos e nove meses de prisão efetiva, além de dois anos de interdição em recintos desportivos –, sublinhando que os atos provados em tribunal não podem voltar a acontecer.
"Dirijo-me a si porque foi a pessoa em torno da qual este processo de desencadeou. Sinceramente não sou nada do desporto, não quero saber nada de futebol e de claques. Reconheço-lhe características de líder. Foi uma pena e um tirar de tapete a forma como acabou a sua liderança nos Super Dragões. Aquilo foi uma imposição de uma ditadura e o tempo de Salazar já foi há muito. É uma pena porque o desporto não pode ser isto. Tem carisma e reconheço-lhe capacidade de liderança para gerir pessoas, mas as pessoas têm direito a ter a sua opinião. Foram muitos anos de Pinto da Costa e sei que a mudança custa, mas o que aconteceu não pode acontecer. As pessoas têm de ter o direito a estar e a falar em liberdade. Já chocam as desavenças entre Benfica e FC Porto, mas aqui até estamos a falar de pessoas da mesma camisola. Isto não pode acontecer na nossa sociedade, não pode mesmo", disse.
O Ministério Público pedia penas superiores a cinco anos para os principais arguidos no âmbito do processo 'Pretoriano', mas o coletivo de juízes do Tribunal Criminal de São João Novo fixou a pena de Fernando Madureira, conhecido por Macaco, em três anos e nove meses de prisão, enquanto a mulher, Sandra Madureira, foi condenada a dois anos e oito meses de pena suspensa. É o desfecho do processo, 18 meses depois de as detenções terem sido realizadas.