
Bárbara Barbosa, viúva de Armando Gama, esclareceu os contornos das situações de violência doméstica que conduziram à detenção do músico em 2020. Para isso, quebrou o silêncio e deu uma entrevista a Manuel Luís Goucha onde tentou demonstrar que a mudança de comportamento do músico terá acontecido principalmente devido à doença que o acabou por matar.
"Ele disse-me: ‘Já que me acusaste de violência doméstica, então vais saber o que isso é. Prendeu-me no sofá e deu-me um ligeiro murro na cabeça. E depois ficou a segurar-me mais pelo pescoço. Isso foi um bocado assustador’", disse Bárbara num 'teaser' de promoção na TVI da entrevista, mas depois acabou por tentar justificar que terá sido o cancro que alterou o cantor e que o terá levado a ter comportamentos de violência doméstica.
Bárbara, que tinha uma diferença de idade de 34 anos para Armando, detalhou os comportamentos do artista que faleceu em janeiro passado, vítima de um cancro: "Ele demonstrava ser ciumento pontualmente. Tinha colegas de escritório que eram homens e trabalhávamos em dupla. A demonstração podia demorar uma hora ou duas e meia e ele perguntava: ‘Onde é que estás? Porque estás a demorar? Com que colega estás? [A violência] primeiro foi muito devagar, eram só situações pontuais, depois da segunda para a terceira é que já começava a crescer mais depressa, a acelerar".
"Era violência psicológica, mas não eram insultos para mim, ele tinha grande dificuldade a lidar com a descolonização. Houve um dia em que me impediu de sair de casa para trabalhar. Depois eram os insultos a políticos ligados à descolonização. Ele agarrava-me e obrigava-me a ouvir. Eu disse: ‘Ou paras ou eu vou para o quarto de hóspedes, porque tenho de trabalhar’. No dia a seguir perguntava-me porque é que tinha ido, não se lembrava", explicou, acrescentando: "Eu contei os vários fatores físicos que vinham acontecendo com o Armando e o psiquiatra disse-me que era sinal de tumor no cérebro: tudo o que era frio, ele sentia gelado, começou-se a esquecer das letras, que sabia de cor, sentia cheiros do nada".
Por fim, falou sobre as queixas que apresentou: "Ele saiu de casa por ordem do tribunal, estava proibido de se aproximar até 500 metros de mim. (…) Eu cometi um erro muito grave, nunca pensei que se tornasse público. Foram apresentadas três queixas e nunca se soube, só quando foi a julgamento. Achava que nunca ninguém ia saber. A minha ideia não era a separação, era ele fazer um tratamento para voltar a ser quem era. (…) Não quero que resumam o Armando a três meses da vida dele quando ele viveu 67. É injusto julgarem a vida dele por uma situação que foi pontual e motivada por uma doença".