
Confesso que te amo.
Confesso que pequei.
Confesso que falhei.
Confesso que nunca deixei de te amar, doa a quem doer, doa-me como doer. E dói tanto.
Confesso que te quero acima de tudo.
Confesso que faço tudo para te ter.
Confesso que não fiz tudo o que podia.
Confesso que ainda te desejo como te desejava no primeiro dia, que ainda te quero como na primeira vez.
Confesso que não faço sentido quando estou em ti, quando me perco em ti.
Confesso que sou incoerente, inconsequente, um pouco demente.
Confesso que temo.
Confesso que temo que vás, que alguém te faça ir.
Confesso que traí a tua confiança para te proteger, só para te proteger.
Confesso que o teu perigo é o meu perigo, que a tua dor é a minha dor.
Confesso que não deveria ter feito o que fiz, mas confesso que só o fiz porque me pareceu que tinha de ser feito.
Confesso que quero que estejas vivo, que tens de estar vivo.
Confesso que talvez tenha falado demais, explicado demais, tentado demais, conhecido más pessoas a mais.
Confesso que só queria uma vida melhor, um futuro melhor, nós os dois melhores.
Confesso que magoa. Magoa não estares aqui. Magoa a sensação de que podes nunca mais voltar a estar aqui.
Confesso que mói. O tempo mói, apaga tanto e acende outro tanto.
Confesso que não aguento a rotina mas que agora dava tudo o que tenho para a ter de volta.
Confesso que não suportarei ter filhos órfãos do pai que amam e do marido que amo.
Confesso que rezo para que voltes, para que apesar de tudo, contra tudo, possas voltar.
Confesso que acredito que resistes.
Confesso que estou ansiosa.
Confesso que estou arrependida.
Confesso que agora que o telefone toca só espero que sejas tu.
Confesso que estes metros até ao telefone nunca mais passam.
Confesso que sinto o coração nas mãos ao ver que és tu, que é mesmo o teu número.
Confesso que tremo só de pensar que pode ser alguém com o teu telemóvel a dar-me a notícia que não quero ouvir.
Confesso que seria capaz de morrer para tu não morreres.
Confesso que nunca pensei amar-te tanto como agora, neste instante em que atendo a chamada.
(- Estou?)
Confesso.
Sufoco: s.m. Aquilo que te suspende a respiração — e muitas vezes aquilo que te faz respirar. Pode até haver vidas sem sufocos; mas essas não são vidas nenhumas.