
Amo-te pelo que me fazes mudar.
Quando te conheci era uma mulher como todas as outras, e por isso diferente de todas as outras, mas o que eu não era era uma mulher capaz de entender que somos todos apenas aquilo que nos faz continuar, aquilo que nos faz acreditar: somos apenas e só aquilo que bem nos entender, e foi preciso tu chegares para mo fazeres entender.
Amo-te porque me fazes amar-me.
Sou a pessoa que quis ser, e afortunadamente a pessoas que desejaste ter. Não me pediste nada, chegaste, e eu cheguei, enfim, até ao interior dos meus fantasmas. Contigo aprendi que nada temos de ensinar uns aos outros, e é exactamente assim que estamos sempre a aprender uns com os outros. Sou tua porque te amo, sim, mas sou tua mais ainda porque me amo, porque me fazes querer ser a pessoa que sou, a pessoa que em ti sou.
Somos todos habitantes do mesmo planeta, e no entanto habitamos todos mundos diferentes.
A sinceridade é o único atributo que encontras mais facilmente num inimigo do que num amigo. Contigo foi diferente, contigo é sempre diferente. Dizemo-nos o que sentimos, sem temer, com a alma toda, inteira, sem recear ferir-se. Às vezes a sinceridade magoa, às vezes a honestidade fere – mas o que fere mais é a falta de sinceridade, o que fere mais é a desonestidade. Haveremos de ser capazes até ao fim de jogar com as nossas regras. A única limitação é ter medo das limitações.
Não há problema algum em ser como os outros, desde que não deixes de ser como és.
Há quem tema a fotocópia, a réplica; há quem fuja do cliché para tentar fugir do estrato mais fundo da sua banalidade. Entre nós não há a necessidade de amar diferente, pois se amar igual é tão bom. Amamo-nos como vem nos livros se for como vem nos livros que amar é bom. Somos lamechas se for a lamechice a nossa felicidade. Não olhamos para o sentimento do lado para sabermos o que queremos sentir. Pecamos se tivermos de pecar, seguimos as mais conservadoras das regras se tivermos de seguir. E o que temos de fazer é apenas o que temos de sentir. Sentimos profundamente o que sentimos: eis tudo o que há para dizer sobre o que sentimos.
Inventou-se a morte para nos limitar; inventámos o amor para nos libertar.
É isso o que trazes à minha vida, um género de liberdade permitida: vamos até onde o outro deixa ir, escravos de um prazer absoluto, de um pináculo das sensações. O amor é a sensação suprema, provavelmente não mais do que isso, e chega bem.
Sou sobretudo o que nunca contei a ninguém.
Só a ti.
Libido: s.f. A obra-prima da humanidade; os génios não são os que criam as melhores obras de arte – são os que criam (e sentem) os melhores orgasmos.