
Prometo que vou tentar escrever sobre outras coisas que não televisão. Mas desta vez é impossível não fazer uma ode à Patrícia Tavares. ‘A Herança’, a nova novela da SIC – da qual temia o pior, sejamos francos – tem talvez um dos melhores arranques na ficção nacional dos últimos anos. O primeiro episódio foi tudo o que se quer: força, intriga e a explicação do que vai ser a trama.
Mas o cerne da coisa é a sinceridade da representação de Patrícia Tavares. No papel de Sofia há confiança, medo, há sentimento e verdade. É aquilo que uma protagonista devia ser, e que por vezes, na nossa ficção não acontece. Qualquer cena é dela, qualquer segundo está roubado aos colegas, e isso sem que lhes tire a sua luz.
Espreitar ‘A Herança’ é não só ver o brilharete de Patrícia Tavares, mas também as excelentes performances de Bárbara Branco, José Mata (que tem uma química inesperada com a heroína da história), Ricardo Pereira (que de facto mete medo), Tomás Alves (ameaçador), Laura Dutra (que está absolutamente genial) e Mariana Monteiro que vai dar uma vilã absolutamente maravilhosa. Na realidade há poucos erros a apontar.
O que me intriga! A escrita é boa, as paisagens soberbas, parece não haver falhas. E as que há – a cena ridícula de poções do armazém de droga e qualquer momento com a Ana Burstorff – nós perdoamos.