
Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, anunciou, na apresentação da grelha "outono-inverno" da SIC, uma novidade: um produto de ficção "omnicanal". O que quer isto dizer? Que a mesma marca, no caso a novela 'Papel Principal', prestes a estrear, vai estar em várias plataformas ao mesmo tempo, sendo estas físicas e digitais. O que quer isto dizer? Que uma ideia – a história – é transformada numa marca e mostra-se no formato de uma novela na televisão de canal aberto, de "prequela" em 'streaming', de peça de teatro, e do que mais vier à cabeça – isto não disse ele, digo eu. Ou seja, 'Papel Principal' vai ser muitas coisas numa só. Pode até vir a transformar-se em bonecas para serem comercializadas nas grandes superfícies no Natal, num jogo de computador, numa aplicação de castings ou de encontros. Pode ser o que se quiser.
Confuso? Pois, é um bocadinho não é?
Na verdade, a ideia de Francisco Pedro é excelente e do mais atual possível. O modelo ominicanal – que é conhecido, por exemplo, para um produto como Barbie, que tanto pode ser filme como brinquedo, como outra coisa qualquer – está no 'mindset' de qualquer empresa que quer lançar uma marca na qual aposta forte e que quer comercializar como um todo. 'Papel Principal' como isso: uma marca com potencial para ganhar dinheiro. Só que duas questões se levantam: terá a marca, agora a chegar ao mercado, já a força suficiente para se impor em diferentes plataformas? E, segunda questão, estará o público preparado para entender esta lógica de 'marketing' a partir de um produto televisivo que, na verdade, serão vários?
Nem sempre as melhores ideias e as mais vanguardistas são as que melhor resultam. Quando percebi a ideia do CEO da Impresa fiquei a pensar se esta não estaria a surgir no mercado português antes deste estar preparado para a receber. Porque, vejamos, uma coisa é trabalhar para a internacionalização com produtos adaptados a outros mercados, outra coisa é contar que o público "entenda". O que pode não acontecer, Cuidado...