
Se alguém pode estar feliz com o saldo final da Jornada Mundial da Juventude é a RTP. Não se trata de ser a "televisão oficial". Se o fosse e fizesse um trabalho vergonhoso isso não lhe serviria para nada. Acontece que a estação de serviço público soube conjugar cobertura exemplar, com tratamento noticioso e, ao mesmo tempo, ser discreta e eficaz na forma como apresentou os vários momentos desta longa "jornada" de cinco dias. Falou quando era necessário, deu informação que se pedia, fez silêncio quando este era necessário para os espetadores atentos em casa. Saber gerir silêncios em televisão, garantindo apenas o "ruído" de fundo não é tarefa fácil. Tanto que, enquanto isto acontecia na 1, a concorrência teimava em inundar os espetadores de informação, de comentário, de mini-entrevistas a peregrinos. Para tal, muito contribuíram os comentadores religiosos que semanalmente estão na estação acompanhando cerimónias e que "dominam" a área. Mas houve mais protagonistas responsáveis pela eficácia das transmissões: José Rodrigues dos Santos conduziu as principais transmissões de forma irrepreensível. Por outro lado, Fátima Campos Ferreira foi a mulher certa no local certo, no acompanhamento de Francisco, a bordo do avião, como jornalista experiente, a transmitir competência e seriedade no trabalho.
Não se pode passar ao lado, porém, de outras prestações, noutras estações, que marcaram a diferença: na TVI a dupla Manuel Luís Goucha/Juca Magalhães – à qual se juntou Padre António Borga – surpreendeu pelo sentido de humor com que soube conduzir a emissão; juntar repórteres de entretenimento a entrevistar peregrinos foi outra boa ideia, pelo tom informal que deram; Pedro Mourinho, da CMTV, deu a serenidade aos diretos que se harmonizava com o frenesim dos jovens repórteres no terreno. A pior ideia: por Joana Amaral Dias como comentadora. Não correu bem, e nem vale a pena explicar porquê, quem assistiu percebeu que nem todos os terrenos são os certos para estar.