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Luísa Jeremias
Luísa Jeremias No meu Sofá

Notícia

A identidade lentamente recuperada 

Nada pode acontecer "porque o diretor quer". A decisão tem de ser tomada de acordo com uma lógica, com o mercado, com um plano de negócio – se quisermos falar de forma ainda mais profunda. O diretor não quer nada, não tem querer.
03 de março de 2023 às 07:59
José Eduardo Moniz
José Eduardo Moniz

Há uma expressão que se usa nos cursos de guionismo que justifica as ações de uma trama que não fazem qualquer sentido: acontece "porque o autor quer". A expressão é sinónimo do que não deve ser feito, de forma nenhuma. O autor não tem de querer ou deixar de querer. O autor serve uma causa maior: a ficção e tudo terá de fazer para que as ações do filme, da série, da novela que assina sejam consistentes, consequentes, façam sentido no todo.

O mesmo se aplica à gestão de uma marca – que pode ser um canal de televisão. Nada pode acontecer "porque o diretor quer". A decisão tem de ser tomada de acordo com uma lógica, com o mercado, com um plano de negócio – se quisermos falar de forma ainda mais profunda. O diretor não quer nada, não tem querer. O diretor cumpre um modelo, aplica-o de forma a obter resultados de acordo com o público alvo, os anunciantes e o ADN do canal.

Serve isto para explicarmos o processo pelo qual a TVI está a passar há anos e que se traduz em decisões "porque o diretor (ou o autor) querem". O desnorte não é de hoje nem de ontem. Cair não é difícil, recuperar, sim, é tarefa árdua, especialmente quando se fala em recuperar princípios definidos como o tal ADN do canal – além, obviamente, de audiências, que mais não são do que a tradução do "gosto" ou "não gosto" por parte dos espectadores. Uma televisão não se faz de amigos, não se faz de ideias megalómanas "só porque sim", não se faz de figuras descobertas nas redes sociais, que lá por terem milhares de seguidores isso não as torna necessariamente eficazes perante uma câmara. Faz-se de ser leal aos espectadores, de definir caminhos certeiros e experimentar coisas novas, sim, mas de acordo com aquilo que são os princípios da estação – e não "porque sim".

Devagar, devagarinho, a TVI começa a recuperar uma identidade perdida, anos depois da crise em torno do seu próprio eu, e com os tropeções inevitáveis nestas fases. Mas o caminho está a ser reencontrado. Calam-se as birras, engole-se o orgulho e segue-se em frente para cumprir objetivo. É a vida.

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