
Tem sido uma vida dedicada aos fãs, ao palco, a todos aqueles que aprenderam as suas músicas de cor ao longo de muitos e muitos anos. Marco Paulo ocupará para sempre na música portuguesa um lugar único: de alguém que foi sempre muito amado e que marcou gerações com as suas canções de amor e de devoção, que rapidamente entravam no ouvido e faziam as delícias de quem as escutava.
O cantor atravessa um período da vida que implica cuidados extra: luta contra uma terrível doença que, apesar da gravidade, não lhe tira as forças para cantar e dar alegrias aos seus muitos seguidores. E nesse caminho doloroso, a televisão tem um papel fundamental.
Quando Daniel Oliveira convidou Marco Paulo para ter um programa em nome próprio na SIC conhecia o seu passado clínico, mas estava longe de imaginar o que viria por aí. Nos primeiros tempos tudo correu sobre rodas, com o artista a brilhar em entrevistas e canções entoadas entre amigos de longa data, no cenário do jardim da sua própria casa – que amavelmente disponibilizou para o efeito. Mas depois tudo se complicou: Marco Paulo voltou a adoecer, teve de se ausentar pontualmente do programa – que não parou, recorrendo a homenagens – e, devagarinho, foi buscar forças para regressar. O cantor também nunca deixou de dar notícias aos que queriam saber sobre o seu estado de saúde: melhorava, piorava, voltava a melhorar, regressava sempre que possível. E, nesta montanha russa que é a luta contra um cancro, Marco Paulo foi encontrando forças nos fãs através da televisão. Já não era só o palco e as cartas que lhe escreviam: era a "caixinha mágica" a fazer o seu trabalho de lhe garantir o aplauso que servia de fármaco e curava a dor quando esta apertava.
É caso para dizer, nesta situação particular, que a televisão tem sido parte da cura do artista. E mais não seja por isso, já vale a pena manter vivo e com saúde o programa 'Alô, Marco Paulo'. É que, às vezes, um carinho daqueles que nos amam, vale mais do que muitas terapias, por eficazes que sejam.