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Luísa Jeremias No meu Sofá

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Como aprender com os erros dos outros

Se conseguirmos transportar esta história real para Portugal, conseguiremos entender bastante do que se passa com a SIC e a TVI e como se deu a transferência de público do canal tradicional das novelas portuguesas para o "novato" que, de um dia para o outro, descobriu a bola de cristal
27 de outubro de 2019 às 19:00
Félix em Amor à Vida
Félix em Amor à Vida

Os canais de televisão são como os casamentos: quando tudo corre muito bem, entram no marasmo. Depois disso, se houver um susto – porque a concorrência se mostrou – só têm duas hipóteses: ou desistem e deixam-se degradar até desaparecerem ou dão um salto em frente e "animam" a relação – no caso dos canais, com os espectadores.

Foi isto que aconteceu entre a Globo e a Record, no Brasil, há uns anos.

Os 10 Mandamentos
Os 10 Mandamentos

Em 2015, a TV Record descobriu o filão das novelas "bíblicas". No início do ano, estreou 'Os 10 Mandamentos' que, devagarinho, começou a ganhar cada vez mais um público clássico, tradicional do género novela. A Globo vinha de uma novela complicada, 'Império', que apenas brilhou pelo protagonista que encantava as espectadoras: Alexandre Nero.

Alexandre Nero em Império
Alexandre Nero em Império

Enquanto a Record apostava no Antigo Testamento, a Globo lançou o imenso 'flop' 'Babilónia', de um Gilberto Braga, o mago de 'Dancing Days', numa fase de decadência de ideias. Deu asneira: a Record cresceu, nunca mais parou de fazer novelas sobre temas bíblicos, e a Globo caiu sem nunca mais se levantar a sério.

Babilónia, com Glória Pires e Cássio Gabus Mendes
Babilónia, com Glória Pires e Cássio Gabus Mendes

A Globo deixou de ser a todo-poderosa e intocável Globo, na qual qualquer produto resultava – os últimos grandes sucessos teriam sido, em 2012 e 2013, 'Avenida Brasil' e 'Amor à Vida' (curiosamente as novelas que a SIC elegeu para as tardes).

Félix em Amor à Vida
Félix em Amor à Vida

Último pormenor sobre esta crise no casamento entre a TV Globo e o seu fiel público, tentado pela colorida nova "amante" Record. Investiu em novos produtos, colocou # em todos os programas, fez séries com a estética Netflix e HBO, garantiu qualidade, fotografia e elenco... mas esqueceu o seu público de base: o povo brasileiro (e de muitos outros pontos do mundo). Se mantém o casamento, hoje, é por hábito, não por contentamento.

Se conseguirmos transportar esta história real para Portugal, conseguiremos entender bastante do que se passa com a SIC e a TVI e como se deu a transferência de público do canal tradicional das novelas portuguesas para o "novato" que, de um dia para o outro, descobriu a bola de cristal, e cresceu na ficção como nunca antes acontecera. Como e a que custo? Isso eu explico na próxima crónica...

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