
Quem diz que o problema do bullying, insultos e falta de educação se prende com as redes sociais, está totalmente enganado. O fenómeno de "dizer tudo como os malucos" banalizou-se e tomou conta, muito mais do que da caixa de comentários de sites, X, Facebook ou contas de Instagram, dos programas de televisão.
Nestes novos tempos, qualquer personagem selecionado para participar, por exemplo, num reality show, deve ter como condição e base a "língua destravada", que é o mesmo que dizer a falta de pudor em insultar companheiros. É um horror! Basta ver os novos episódios de ‘Casa dos Segredos’ para ouvir o chorrilho de ofensas que os concorrentes disparam uns contra os outros.
E, atenção, não há inocentes nesta narrativa: nem os mais afoitos, nem os que se vitimizam, nem quem estimula este teatro televisivo - que inclui apresentadores, comentadores e moderadores.
Deixem-me dar uma opinião sincera: não vale tudo por alegadas audiências. Não vale passar limites razoáveis de discussão, usar a ofensa pela ofensa e, no fim, vir falar em saúde mental quando se pratica exatamente o contrário à defesa desta. Não podemos chegar a estes níveis de cinismo: dar lições de moral e semear a discórdia. E alimentar o analfabetismo e este "vale tudo" para dar nas vistas. Há limites. Só isso.