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Luísa Jeremias
Luísa Jeremias No meu Sofá

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Fake news, banalidades e bons programas

O programa de Filomena, provavelmente dos melhores projetos de televisão dos últimos anos, é um murro no estômago para quem assiste e quem faz televisão e se questiona sobre para onde caminhamos neste mundo, onde as banalidades imperam e sobre o que levamos para casa das pessoas. E é um murro espetacular!
11 de junho de 2021 às 10:37
Filomena Cautela, Programa Cautelar
Filomena Cautela, Programa Cautelar

Sábado à tarde, percorria eu as redes sociais quando parei nuns vídeos de Mafalda Castro - "influenciadora" com centenas de milhares de seguidores, que "acumulou" até há pouco tempo com apresentadora de diários do Big Brother. Mafalda, em modo fim de semana na piscina, explanava sobre este mundo das redes sociais, dos influenciadores, do que queria da vida e outros assuntos que tais, quando deixou cair um mimo sobre "as mentiras" que a imprensa escreve (segundo a própria) alegadamente sobre ela.

Bom, não me vou alongar sobre a necessidade ou interesse de escrever mentiras (ou verdades) sobre Mafalda, mas fiquei a pensar naquilo. Porque se profere, de forma tão natural, uma afirmação destas? Como se banaliza uma frase? Como se repete tantas vezes uma fórmula até ela se tornar verdade? Qual o papel do jornalista? O que distingue um jornalista de um criador de conteúdos? O que é informar e entreter? Onde está a verdade, se é que há só uma verdade? E como se passou a jogar ao gato e ao rato, entre figuras públicas e imprensa com as primeiras a só quererem ver escrito ou mostrado o que elas próprias veiculam nas redes sociais? E, perante essa postura, qual o papel do jornalista?

Note-se: surgiram-me estes pensamentos a propósito da querida Mafalda, que até é um amor, mas podiam ter ocorrido noutra circunstância, a propósito de uma afirmação de outra figura pública. Calhou que nessa noite assistisse a um programa que pegou no mesmo tema, só que de forma inteligente. Filomena Cautela, no seu Programa Cautelar, da RTP1, dá um banho de informação sobre fake news, o seu fabrico, as figuras mais e menos públicas, a ligação com o jornalismo, etc., etc., etc.

Tudo rasgado de forma incisiva, rápida, desconstruído através de um texto inteligente que só pecou... por ser longo demais. O programa de Filomena, provavelmente dos melhores projetos de televisão (versão talk show, com cara de stand up ‘non’ comedy) dos últimos anos, é um murro no estômago para quem assiste e quem faz televisão e se questiona sobre para onde caminhamos neste mundo, onde as banalidades imperam e sobre o que levamos para casa das pessoas. E é um murro espetacular! Só temo que não seja compreendido. Como o serviço público. Mas essa é outra discussão e não é curta.

 

 

 

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