
Manuel Marques vive um momento complicado, que começa na sua vida pessoal mas se pode estender à profissional. Um processo de violência doméstica - crime público - em que está envolvido tem implicações. Para já, e à primeira vista, nada parece afetado: o ator está numa novela, numa série televisiva, no cinema e prepara-se para regressar ao teatro. À exceção do palco, todos os projetos são anteriores ao processo, logo, não há qualquer efeito causa-consequência. A questão é o que virá a seguir. O ator é julgado diariamente no tribunal popular das redes sociais e, inevitavelmente e apesar do silêncio a que se tem remetido, a imagem sai beliscada, seja qual for o veredicto oficial. O mal já está feito e, dada a dimensão do mesmo, custará a ser esquecido. E, para o caso, não estamos a discutir se é culpado ou inocente: apenas os danos colaterais.
O “caso Manuel Marques” pode aplicar-se a inúmeros outros. Temos opinião antes de ter dados, julgamos antes de uma condenação, tornámo-nos juízes (implacáveis) em causa alheia. Da mesma forma, choramos por quem nunca conhecemos, acreditamos em mentiras criadas “só porque sim” e, pior, divulgamo-las. Tudo isto no sítio do costume: as redes. Sem perceber nada do que se está a dizer, nem sequer estar interessado naquilo a que já chamámos “a verdade”. Pois é... e só vai piorar.