Não, não vou falar sobre o grande desafio de Cristina Ferreira ao apresentar este 'Big Brother Famosos'. Esse é mais do que óbvio, representou uma tremenda vitória para a apresentadora e diretora de Entretenimento logo na estreia – com culpas também para a concorrência – e que agora fará o seu caminho, dependendo da resposta da SIC e da performance dos concorrentes no programa. É deles que vamos falar e do que vimos até agora. Que não é propriamente agradável para o sexo feminino.
Ora vejamos. Parece-me a mim – e isto é, para já, uma mera sensação, tendo em conta as imagens que têm passado – que estamos a virar o estilo do programa. O 'Big Brother' voltou em 2020 (quase há dois anos) com um conceito novo: o de terminar com os preconceitos em relação a género. Tivemos a causa feminista, representada (por Ana Catharina), o direito à diferença (por Diogo), tivemos homossexuais assumidos na terceira edição desta nova fase (com António a falar das suas opções com a naturalidade que elas merecem) e tivemos uma vencedora – Ana Barbosa –, que é uma mulher de armas, uma lutadora que conseguiu juntar carreira, sonho e família sem abdicar de nada. E eis-nos chegados à versão Famosos.
E o que encontramos logo no arranque? Machismo, digo eu. Intolerável machismo em 2022. Como se recuássemos no tempo e como se não tivéssemos percorrido o caminho que era necessário fazer num programa de grande audiência. Não, não tem graça ouvir Bruno de Carvalho tratar as mulheres como "seres especiais" que ficam num quarto especial, para quem é preciso fazer "guarda pretoriana" enquanto elas tomam duche – porque são mulheres.
Isto acompanhado pelos sorrisos e o coro de Homem de Sá e, pior, com o silêncio das mulheres dentro "da Casa", que devem estar a levar aqueles disparates como um elogio em vez de perceberem que estão a viver um processo de diferenciação. Não, os homens não estão a ser simpáticos ou galanteadores. Estão a ser machistas. E enquanto elas deixarem, assim continuarão. Em vez de gritarem que não votam em mulheres, imponham-se, meninas! Vocês não são "coitadas". São iguais a eles. Só isso.
