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Paulo Abreu
Paulo Abreu O Tal Canal

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Coitado de Sócrates

As duas perguntas finais ao antigo primeiro-ministro não são perguntas do Correio da Manhã. São de jornalistas, profissionais e isentos, que sabem fazer perguntas. Daquelas que interessam.
21 de outubro de 2017 às 07:38
Sócrates
Sócrates

1. A pergunta de Vítor Gonçalves surgiu no final da entrevista a José Sócrates, na sexta-feira, 13. "Hoje, como é que o senhor vive, paga as suas despesas?" O antigo primeiro-ministro, acusado de 31 crimes, entre os quais corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, reagiu assim: "É inacreditável… que me pergunte isso. Desculpe lá, mas o que é o senhor tem que ver com isso?! O que é que o Vítor Gonçalves tem que ver com isso? Isso é uma pergunta de um jornalista? É uma pergunta típica do Correio da Manhã… Vivo da minha pensão de ex-deputado, é o meu único rendimento… Isso diz muito do jornalismo português que você acabe esta entrevista com essa pergunta." O director-adjunto de Informação da estação pública insistiu, questionando se vive com base nos empréstimos do amigo Carlos Santos Silva (outro dos arguidos da Operação Marquês). "Essa pergunta é uma afronta, indigna de um jornalista. É uma pergunta do Correio da Manhã,  e eu não respondo a jornalistas do Correio da Manhã?", concluiu, alterado, o ex-líder dos socialistas.

Ora bem, as duas perguntas finais a José Sócrates não são perguntas do Correio da Manhã. São de jornalistas, profissionais e isentos, que sabem fazer perguntas. Daquelas que interessam. Daquelas que obrigam a respostas que esclarecem, ou não, os assuntos. E, por isso, só tenho de felicitar Vítor Gonçalves, que se manteve imperturbável perante o comportamento provocatório e os vários ataques do antigo primeiro-ministro, numa entrevista difícil, durante quase uma hora, na RTP1. Eu, que não apreciava o estilo deste jornalista, fiquei (quase) fã. Judite Sousa, sua professora, tem fortes motivos para estar orgulhosa. 

2. A CMTV voltou a fazer a diferença, domingo, dia 15, com um trabalho jornalístico irrepreensível nos incêndios que continuam a devastar o País – enquanto isso, a RTP3, por exemplo, paga por todos os contribuintes, estava preocupada não com a tragédia que já vitimou mais de 40 pessoas mas com as polémicas do futebol, no seu Trio d’Ataque. Muito bem, José Lúcio Duarte, jornalista da televisão da Cofina, a interrogar António Costa, em directo, às 02:38, quando o primeiro-ministro falava, falava… e não dizia nada: "E os mortos?" 

* O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

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