
1. De vez em quando, espreito Daniel Oliveira. Foi o que aconteceu no sábado, dia 6, por causa da entrevista a Salvador Sobral. E, sinceramente, não gostei do que vi. Durante 36 minutos, e após o nosso representante na Eurovisão ter falado no assunto por três ou quatro vezes, o apresentador da SIC não foi capaz, em momento algum, de fazer a pergunta que se impunha: "Qual é, afinal, o seu problema de saúde?"
Houve muitos olhos fechados de Daniel Oliveira, como sinal de partilha de dor por Salvador Sobral, houve as perguntas bonitas do costume – "Alguém lhe deve um pedido de desculpas?" e "O que dizem os seus olhos?" –, mas não houve o mais importante: a tal questão sobre o seu grave estado de saúde, que serviria, assim, para colocar um ponto final em todas as especulações.
Sendo o apresentador uma pessoa informada e astuta, só consigo entender este comportamento com a existência de um acordo de cavalheiros: ou seja, fazia-se a entrevista, mas não se abordaria o transplante de coração a que o jovem cantor vai ser sujeito, brevemente.
E isto, além de ser meio caminho andado para um mau trabalho, vai um pouco ao encontro daquilo que defendo desde sempre: Daniel Oliveira consegue levar (quase) toda a gente ao seu programa, 'Alta Definição', porque não faz uma questão incómoda. Percebo bem o estilo, mas não o compro.
2. Fátima Lopes despediu-se de 'Let’s Dance', no sábado, dia 6, com um (bom) discurso que devia fazer reflectir algumas pessoas, inclusive da TVI, que preferiu tirar o palco a miúdos que trabalham arduamente para ser alguém para o dar aos parasitas de 'Love on Top': "Acreditei sempre neste projecto, porque acredito nas pessoas. E eu gosto de gente talentosa, de gente que sonha. O que eu não suporto é pessoas que não sabem o que andam cá a fazer." Também eu, Fátima, também eu, Fátima... * O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.
* O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.