
1. A grande aposta de Daniel Oliveira para o entretenimento da SIC aos domingos à noite foi mais um tiro ao lado. ‘Casados no Paraíso’ estreou em 3 de setembro e prendeu 731 mil espectadores. Passaram-se duas semanas e o reality show não disparou. Pelo contrário: fez 784 mil espectadores (dia 10) e 657 mil espectadores (17). Se não é um desastre para um investimento avultado e tanta expectativa na estação, na rentrée, anda lá perto.
‘Casados no Paraíso’ é uma boa ideia para um reality show: juntar pessoas desconhecidas, casá-las e pô-las a viver numa ilha… esperando que, a qualquer momento, deem largas ao amor ou ao conflito. O problema é que o casting é mau, com concorrentes incapazes de criar cumplicidades com o espectador; o problema é que, mesmo estando nas Filipinas, eles não saem da "barraca", não desfrutam da praia, não provocam a inveja boa; o problema é que não dão um beijo, passam o tempo a conversar, a rasgar lençóis; o problema é que vão à procura de alguém, trocam alianças, e, depois, aquilo é uma seca pegada; o problema é que a SIC não ou soube promover; e o problema ainda é que a ação é nula.
Daniel Oliveira adora dizer que "o público é soberano nas escolhas que faz" – e tem razão. Por isso, ‘Casados no Paraíso’, com apresentação de Cláudia Vieira, terá só mais uma emissão no domingo, dia 24, e passará a ser emitido de segunda a sexta, às 19:00. Bem feito.
2. Num País onde faltam médicos, hospitais, centros de sáude, professores, escolas, onde os combustíveis são mais caros do que em Espanha, onde as prestações das casas são obscenas, deixando milhares de famílias desesperadas, o que interessa o novo contrato de Cristina Ferreira na TVI? Nadinha. Mas não resisto: sim, perdeu metade do salário; sim, perdeu poder para José Eduardo Moniz; e, sim, foi nomeada administradora do Digital, o rebuçado perfeito para a apresentadora continuar a ter estatuto, uma estratégia excelente de Luís Bernardo, o homem que pensa a comunicação da estação, após as experiências com o antigo primeiro-ministro José Sócrates e o Benfica.
O melhor exemplo da narrativa da Media Capital? Ler, nas minhas férias, que "Cristina tem em mãos proposta milionária para renovar com a TVI"… quando levou um corte de 100 mil euros mensais.