
1. Já teve oportunidade de ver ‘Festa É Festa’, na TVI? Não é uma obra-prima da ficção nacional, longe disso – e entendo perfeitamente que, na conjuntura atual, a estratégia da TVI seja esta, pois os espectadores precisam de uma coisa leve e divertida no horário nobre –, mas espreite. Só para ver Maria do Céu Guerra, de 78 anos, a representar.
Com uma carreira de excelência no teatro e no cinema, durante quase seis décadas, que lhe valeram as mais variadas distinções, é de facto uma atriz de eleição. Protagonista da trama, assinada por Roberto Pereira, Maria do Céu Guerra brilha como ninguém, faz brilhar com naturalidade os que a rodeiam na ação, e arrasta, até, aqueles colegas cujo talento é escasso.
Na aldeia da Belavista, a sua personagem, dona Corcovada, fala, canta, ri, fala, canta, ri. Mas nem precisava. Afinal, o olhar de Maria do Céu Guerra basta-nos. Para nos encantar no pequeno ecrã, para nos mostrar como se faz de conta com talento e classe. Que os colegas mais novos, aqueles que querem seguir esta vida com dignidade, olhem para ela. Que a observem. Que aprendam, porque já não há muitos assim no País.
2. Duas notícias da TVI. Uma má e outra boa. A primeira tem que ver com o adeus, ao fim de 17 anos, de Helena Forjaz. Ocupou vários cargos de destaque no grupo Media Capital, como diretora de comunicação institucional, diretora de marketing e comunicação ou diretora da Plural Entertainment, e em todos eles provou ser uma senhora. Sem o pior da política na pele, mas com muito profissionalismo, sensibilidade, educação, sabedoria e seriedade, é uma perda a sua saída da estação de Queluz de Baixo, que a empurrou lamentavelmente para fora.
A segunda diz respeito à transferência de Rui Pedro Braz para o Benfica. Não me interessa se tem competências para ser o novo diretor-geral do clube encarnado, interessa-me, sim, que os comentários sobre o futebol cá do burgo passam a ser mais higiénicos. E sérios. É que não consigo entender como é que hoje se diz uma coisa e amanhã outra bem diferente, sempre com uma leviandade de bradar aos céus. Que o seu sucessor na TVI não receba a famosa cartilha que, um dia, o possa levar à cadeira de sonho.