
Ontem, ouvi uma (velha) expressão que já não ouvia há muito e que me fez sorrir, por uns escassos segundos: "Calma, é à vontade, mas não é à vontadinha." Vem isto a propósito da guerra entre Cristina Ferreira e Fernando Mendes no horário das 19:00-20:00, que começou na televisão portuguesa em 13 de Março de 2017 e que, desde a estreia, levou a grande estrela do entretenimento da TVI a vencer sempre o Gordo da RTP1, um campeão de audiências até então. Apanha se Puderes vai fazer um ano de vida, e, olhando para os números, o balanço é um: avassalador.
Desprezado por Nuno Artur Silva durante os últimos três anos, que chegou a assumir, ainda antes de entrar como administrador, que O Preço Certo não era serviço público e que não cabia assim na RTP, a verdade, porém, é que Fernando Mendes tem vindo a aproximar-se lentamente de Cristina Ferreira nas audiências – por exemplo, na terça-feira, 13, dia de Carnaval, houve um empate técnico entre os dois. Não é razão para abrir uma garrafa de champanhe, longe disso, porque Apanha se Puderes mostra uma estabilidade fortíssima, fruto de ser um concurso moderno e dinâmico, com prémios bastante apelativos, mas voltar aos 900 mil espectadores é um sinal de resistência.
Com um discurso e um comportamento sempre positivos e humildes, nunca deixando entender aos portugueses qualquer tipo de descontentamento profissional, por mais motivos que tivesse para o fazer, e tem, Fernando Mendes mantém-se vivo. Afinal, tem público, tem carisma e uma genuinidade incrível. Quem se apressou neste quase último ano a fazer-lhe um funeral estava bem enganado. Que a nova RTP saiba promover o seu concurso histórico, que tantas e tantas alegrias lhe deu, isto é, vitórias, empurrando inclusive o Telejornal para líder na informação, que a nova RTP saiba acarinhar o actor e dar-lhe condições como a TVI dá a Cristina, e esta história das audiências entre as 19:00 e as 20:00, um horário fundamental no acesso ao prime time, poderá vir a ser bem mais renhida. E assim voltamos ao início da conversa: "Calma, é à vontade, mas não é à vontadinha." * O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.
* O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga ortografia.