
Tenho uma admiração profunda pelos homens e mulheres que servem como Bombeiros. A esmagadora maioria são voluntários o que significa que é um impulso de coração que os leva a vestir aquela farda. Para ajudar, para socorrer, para salvar vidas, para proteger bens.
Quem corre altos riscos, sabe que a morte anda por perto, mas isso não os incomoda. Quando era puto e tocava a sirene dos bombeiros na minha terra, sabíamos que a corporação chamava por eles e era vê-los em correria, largando os empregos, as mercearias, as oficinas, as fábricas em que trabalhavam em direção a quartel onde se fardavam com a velocidade da luz e partir. Gente com vida sossegada, com família, que largava o seu mundo de paz para saltar para cenários de inferno.
As televisões vieram dar visibilidade a estes heróis do povo. As terríveis imagens dos incêndios que, por vezes, levam dias a extinguir, trazem sempre em primeiro plano bombeiros destemidos que atacam os monstros feitos de fumo, altas labaredas, temperaturas inumanas, mangueiras nas mãos, procurando atingi-los num combate que aparenta ser desproporcional. Depois o cansaço. Vemo-los dormindo nas bermas das estradas, abandonados, esgotados, por horas de horas de esforço brutal. As imagens que observamos em certos cenários de incêndio garantem que os soldados da paz lutam como soldados da guerra. E morrem como estes. Sufocados, queimados, atropelados, esmagados, trucidados. Morrem pela paz e segurança de nós todos. Labutam até ao esgotamento pela paz e segurança de todos nós. E resistem.
Por estes dias morreu uma jovem bombeira. Mãe e bombeira. Saltou do seu carro para ir ajudar um sinistrado e foi atropelada por uma outra viatura. É chocante ver morrer desta maneira quem se dedica aos outros sem medos no coração. Mas são bombeiros. Há dentro de cada um esse impulso firme, determinado, para dar a vida por nós. São heróis anónimos, deuses fardados que não fogem do martírio.l