'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Um país irreal

Trump não iria ser eleito. As sondagens, as fastidiosas sondagens, libertavam-nos do pior pesadelo do Ocidente. Todos os canais de televisão possuem um punhado de comentadores todo-o-terreno. Gente especializada em imagens não especializadas e que garantiam Donald Trump fora do baralho.
20 de fevereiro de 2025 às 16:06
J. D. Vance e Donald Trump
J. D. Vance e Donald Trump

Andamos a toque de imagens vazias. Num primeiro instante, vemo-las como se fossem vagas apocalípticas para, de seguida, se dissolverem nas imagens que seguem, num movimento perpétuo de impulsos que se esgotam no instante em que explodem à nossa frente. A fuga de cinco detidos no estabelecimento prisional de Vale dos Judeus pôs os noticiários em polvorosa.

Prometeram-se reformas, promoveram-se dezenas de debates e, durante uma semana, o País minguado de outras notícias alimentou essa novela como se fosse o grande acontecimento do ano. Não passou de um punhado de imagens ocas, sem consequências que, rapidamente, cederam o passo a nova onda nascida dos terríveis incêndios que devastaram boa parte do território. Promoveram-se mais debates, insinuaram outras tantas reformas e, durante um punhado de semanas, as televisões esgotaram o arsenal de palavras, submersas por nova onda, agora com o epicentro das imagens nos Estados Unidos. Trump não iria ser eleito. As sondagens, as fastidiosas sondagens, libertavam-nos do pior pesadelo do Ocidente. Todos os canais de televisão possuem um punhado de comentadores todo-o-terreno. Gente especializada em imagens não especializadas e que garantiam Donald Trump fora do baralho.

A fazer fé nas suas incautas e fervorosas palavras, Portugal era a prova provada de que Kamala Harris era o esplendor da vitória. Imagens desertas, fugazes, e à falta de melhor, lá se foi reconhecendo que tudo não passara de um fogo fátuo que entretivera o País durante algumas semanas.

E, de repente, vaga atrás de vaga eis que surge o deputado das malas. Foi um estoiro a despropósito. Nem aqui, na Terra do Nunca, havia peito que aguentasse com tanta falta de vergonha. Mais umas dezenas de debates e de comentários sobre o partido que o acolheu e que não teve tempo para expulsar, pois o galhardo deputado da República, pôs-se ao fresco, com uma manobra rasca que fez dele independente, criando uma bancada unipessoal de trafulhas. Não se podia cair mais baixo na representação parlamentar.

O homem tratou da sua vidinha embora desonrando os Açores. O povo açoriano, ingénuo e incauto, entregou-lhe um mandato para o representar com esmero e honradez. Uma imagem que o Arruda das malas desfez em menos de um ai. Não demorou muito tempo a chegar nova vaga de imagens pobres saídas do tempo pobre que dá corpo a este Portugal decadente. Uns punhados de vereadores, deputados, funcionários dos partidos foram apanhados com as calças na mão, em negociatas espúrias contra o serviço público que juraram honrar. É tudo irreal. Até os comentadores são irreais.

Saber mais sobre

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável