
Mais do que por ser famoso e uma estrela da sétima arte, a morte de Nick Cordero deve ser alvo de tremenda reflexão. O ator da Broadway morreu este domingo, aos 41 anos, devido a complicações associadas à Covid-19. De acordo com a família não tinha antecedentes clínicos e acabou por estar internado durante três meses num hospital em Los Angeles. Um duplo transplante pulmonar para conseguir vencer o vírus levou a que entrasse em coma e lhe amputassem uma perna.
Decidi trazer este assunto à coação porque tenho a clara noção de que infelizmente nem todas as pessoas assumiram na totalidade o verdadeiro sentido de responsabilidade em relação a uma doença que é invisível, traiçoeira e como qualquer outra pérfida na forma como pode ser letal para famosos e anónimos, ricos ou pobres.
É certo que o confinamento, o distanciamento social, a miríade de regras de segurança e higienização que passaram a fazer parte do nosso quotidiano, podem começar, a partir de certa altura, ser difíceis de gerir. Porém, tal como sempre defendeu e bem Marcelo Rebelo de Sousa este vírus tem de ser combatido sem estados de espírito sob o risco de sermos esmagados pela doença.
Acompanho com rigor a evolução da Pandemia em Portugal e no mundo e é com muita apreensão que olho para o futuro no nosso país caso não se verifique uma mudança de comportamentos. Para ultrapassarmos a maior crise das nossas vidas não basta que a maioria do povo português se mantenha firme nesta batalha. A guerra só pode ser vencida se TODOS, sem excepção, adotarmos uma atitude responsável.
Infelizmente basta ligar a televisão ou ler as manchetes dos principais jornais e meios de comunicação online para perceber que as festas ilegais continuam a acontecer de norte a sul do país; que os convívios multinucleares são cada vez mais encarados como autênticas festas de desconfinamento; que o sol, o calor e o mar estão a toldar os sentidos conduzindo-nos para o precipício.
O exemplo, como sempre, deve partir do topo da pirâmide, pois sem a execução de uma política eficaz por parte do Governo e das autoridades de saúde contra a Covid-19 de nada valerá o esforço colectivo. É tempo de cerrar os dentes e invocar uma dose incomensurável de perseverança antes que seja tarde demais. A segunda vaga deste maldito vírus está bem ali, na próxima curva e tal como tem provado não escolhe cor, credo ou status social. É impossível baixar a guarda!