
Ao longo da vida que idealizamos e projetamos, construímos sonhos e aspiramos a estar presentes deixando uma marca. Esse foi sempre o meu propósito de vida, tanto em termos pessoais, familiares e profissionais.
Construí uma carreira ao nível profissional na área do imobiliário, mas que se foi esbatendo porque sempre quis estar presente junto do meu porto de abrigo – Jesualdo Ferreira – na sua carreira de treinador em várias partes do mundo. Foi esse, o meu (e o dele) projeto de vida – sermos uma família unida, onde todos somos só um.
E, nesse projeto de vida, a dois, entraram os nossos filhos. O meu e os dele. Fomos Pais de todos. Neste caminho que hoje constato muito curto, vivemos momentos fantásticos, rimos muito, brincámos, divertimo-nos e fomos felizes. Tivemos momentos desafiantes como todos os casais e como todas as famílias. Mas, na minha contabilidade continuávamos a ter saldo positivo. Muito mesmo!
Com o Eduardo que também era Eddie, crescemos juntos, com feitios idênticos e personalidades fortes. Vivemos de cumplicidades, de sorrisos e abraços, de partilha e amizade. Nessa estrada que partilhámos tentámos sempre fazê-la juntos. Como mãe protetora e ele como espírito independente, por vezes, precisávamos falar e respirar e, era nesses momentos, que a nossa união e amor mais se expandia.
O Eddie que era o meu Eduardo adorava e vivia para a música. A sua carreira levava-o a vários continentes e, muitas vezes sem a sua namorada, o que ainda mais me inquietava. E, desta vez, com razão. O meu Eddie partiu. E partiu, sem ter tempo de me despedir dele, abruptamente. Longe de mim, num país estranho e onde a minha impotência e da minha família para o descobrir era total.
A perda é algo irreparável. Mas a perda de um filho que demos à luz, que ajudámos a crescer, que educámos é, inenarrável. Faltaram-me dizer-lhe tantas coisas! Faltaram-me dar-lhe aqueles abraços, conselhos, beijos! Faltou-me amá-lo ainda mais!
Ele partiu e, com ele, muito de mim. Nunca mais serei a mesma. Mas eu não importo. Os objetivos de vida desaparecem e, nem o amor do meu marido suplanta (por enquanto) esta dor. Sei que tenho de reaprender a viver. Sei que tenho de viver esta dor e, quem sabe, um dia ser "feliz".
O Eduardo partiu e sei que foi feliz. Concretizou o seu sonho de vida, ser DJ, tinha projetos futuros e tinha ao seu lado uma pessoa que queria envelhecer com ele. É a isso que me agarro!
"O meu chão" hoje é diferente. Sinto, ao dia de hoje, um vazio, uma não aceitação. Para mim, o Eddie foi fazer mais uma digressão. Nos meus vários momentos – maus e menos maus - encontro força, alguma, junto de familiares e amigos e, por momentos a dor é mais ténue. Mas a noite e a solidão são horríveis.
Tem momentos que não me conformo e outros que tento aceitar. Ainda não compreendi – e não sei se o conseguirei – algum dia entender porque me tiraram o EDDIE tão cedo. Precisava de mais uma vida ao teu lado para te AMAR. Fazes-me tanta falta Eduardo! Do teu sorriso, da tua energia, da tua espontaneidade, da tua alegria.
Sei que irei (tentar) vencer este que será o maior desafio da minha vida. Nunca será uma vitória, mas tenho que acreditar será um empate.
Os conselhos são grátis e a única lição que até agora aprendi é que devemos viver a vida com a nossa família e amigos o mais intensamente possíveis, o mais unidos possíveis. A vida já é curta demais para a saborearmos na sua plenitude. Agora imaginem quando apanhamos estes embates!
Por isso, aproveitem cada momento com os vossos, abracem-nos, amem-nos, digam-lhe que os amam, esqueçam os ódios. Sejam o mais felizes possível, dia a dia.
Eu deixei tanta coisa para viver com o Eduardo. Foi-me tirado demasiado cedo.
Sabes as palavras que nunca mais te direi? AMO-TE!