
Educado no seio de uma família liberal, Michael Bolton auto-define-se como 'judeu rebelde', talvez por, aos 12 anos, ter sido expulso da escola hebraica onde estudava (o rabino ter-lhe-á dito que só poderia voltar quando levasse as coisas a sério). Ainda assim, aos 13 anos foi submetido ao Bar Mitzvá, a cerimónia que insere qualquer jovem judeu como um membro maduro na comunidade. Por essa altura já tocava saxofone e já tinha começado a escrever as primeiras canções. Aos 14 formou a sua primeira banda e aos 16 pediu autorização aos pais para abandonar o secundário e atravessar os EUA (fez a famosa Route 66) para mostrar a sua música. Claro que, entretanto, ia arranjando alguns trabalhos, tendo ficado para a história o período em que fez babysitter para Paula Abdul.
O caminho para o sucesso não foi fácil para Michael Bolton e o próprio lembrava, numa entrevista em 2019, que foi como "escalar uma montanha durante 18 anos. Assinei o meu primeiro contrato discográfico aos 16 anos, mas não tive um 'hit' antes dos 34. O meu pai dizia-me: 'Tu vais ser grande'. E eu respondia-lhe: 'Espero que sim porque as minhas contas estão aí para pagar". Foi a mãe quem lhe assinou o primeiro contrato (Bolton ainda era menor), mas apenas um ano depois a editora Epic enviava-lhe uma carta a libertá-lo das obrigações para que pudesse procurar outro caminho. "Foi como receber uma carta de uma namorada a dizer que era livre para poder namorar com quem quisesse". A verdade é que aos vinte e muitos anos, Bolton já tinha três filhas para alimentar e as despesas acumulavam-se. "Foi um ponto muito baixo da minha vida".
No período em que as coisas demoravam a acontecer, Michael Bolton virou-se para a publicidade, tendo gravado jingles para o exército e para marcas como Dr.Pepper, Coca-Cola e Pepsi. Paralelamente, ia escrevendo canções pop e country para outros artistas como as Poynter Sisters ou Kenny Rogers até ao dia em que recebeu uma chamada do presidente da editora Columbia que lhe disse: "Sabes aquelas músicas que tens escrito para os outros? Guarda-as para ti e grava-as tu. É isso que as pessoas esperam de ti. Esquece lá o rock!". E Bolton assim fez. A canção seguinte que escreveu 'That's What Love Is All About', gravou-a ele próprio, tendo esta começado "a trepar" pelos tops de todo o mundo e dado início ao trajeto vitorioso de Michael Bolton.
Atualmente com seis netos, entre os sete e os 14 anos, Bolton teve dois grandes amores na vida. Entre 1975 e 1990 foi casado com Maureen MacGuire com quem teve três filhas (Isa, Holly e Taryn), tendo em 1992 sido apresentado, por Kenny G, à atriz Nicollette Sheridan com quem teve depois uma relação atribulada. Namoraram até 1995, depois separaram-se, reataram em 2005, ficaram noivos em 2006, mas acabariam por romper o noivado dois anos depois. Desde então foram-lhe atribuídos vários romances, um dos quais, por exemplo, com a modelo Elle Macpherson. A verdade é que em 2019, Michael Bolton já dizia que apreciava muito a sua vida de solteiro. E é nesta condição, de homem livre, que regressa esta terça-feira a Portugal. O senhor continua a arrancar suspiros, mas já fez saber que não está muito disponível para se apaixonar de novo. A música que lhe sirva de consolo.