
As filhas mais velhas de José Eduardo dos Santos, Isabel e Tchizé dos Santos, poderão ter de abdicar de participar nas cerimónias fúnebres do pai em Angola, caso o governo angolano queira organizar a despedida.
Tanto Isabel como Tchizé optaram por deixar as suas residências em Luanda, supostamente por "perseguição política", acusam. Por trás desta acusação estão os processos que correm na justiça angolana contra Isabel dos Santos sobre o suposto desvio de 115 milhões de dólares da petrolífera estatal Sonangol para uma conta sua no Dubai, bem como a condenação do seu irmão José Filomeno no caso que ficou conhecido como "500 milhões", e ainda a perda do mandato de deputada de Tchizé dos Santos.
"Isto está tudo complicado", disse o jornalista Emídio Fernando em declarações ao site FLASH! quando questionado sobre a possibilidade de as duas irmãs regressarem ao país para participar numa cerimónia de despedida de José Eduardo dos Santos. "Certamente não vão para Angola", completou.
Embora os planos para as cerimónias de Estado não tenham sido revelados, caso sejam realizadas, é de esperar a presença dos familiares do ex-presidente, que ficou no poder por 38 anos. "Haverá certamente os sobrinhos. Em Angola, estará o filho Zenu [José Filomeno] à espera. Tirando a Isabel e a Tchizé, os outros poderão lá estar", afirmou o jornalista.
O governo angolano já decretou cinco dias de luto nacional, obrigando todos espetáculos e manifestações públicas a serem cancelados, noticiou a 'Angop'.
O conflito de Tchizé com o governo angolano ganhou novos contornos nas últimas duas semanas, quando José Eduardo dos Santos esteve internado, em coma, após três paragens cardíacas. A ex-deputada de 44 anos acusa o presidente João Lourenço, a madrasta Ana Paula dos Santos e o médico João Afonso de terem conspirado para desligar as máquinas que davam suporte de vida ao pai, e ainda fez uma queixa na polícia catalã para apurar as condições em que José Eduardo dos Santos foi encontrado pelos primeiros socorros.
"Tchizé dos Santos, filha do antigo Presidente de Angola Eduardo dos Santos, hospitalizado na Clínica Teknon em Barcelona em coma induzido, apresentou queixa junto dos Mossos d'esquadra [polícia da Catalunha] para investigar a alegada realização dos crimes de tentativa de homicídio, omissão do dever de assistência, ferimentos devidos a negligência grosseira e revelação de segredos por pessoas próximas", confirmou a advogada contratada pela segunda filha do antigo presidente, Carmen Varela, em declarações à Lusa.
"Tchizé dos Santos, filha do antigo Presidente de Angola Eduardo dos Santos, hospitalizado na Clínica Teknon em Barcelona em coma induzido, apresentou queixa junto dos Mossos d'esquadra [polícia da Catalunha] para investigar a alegada realização dos crimes de tentativa de homicídio, omissão do dever de assistência, ferimentos devidos a negligência grosseira e revelação de segredos por pessoas próximas", confirmou a advogada contratada pela segunda filha do antigo presidente, Carmen Varela, em declarações à Lusa.
Num comunicado divulgado esta sexta-feira, 8, a presidência de Angola confirma a morte de José Eduardo dos Santos, aos 79 anos, e "apela à serenidade de todos neste momento de dor e consternação".