
O novo livro da sobrinha de Donald Trump traz novamente à luz do público algumas histórias da família de magnatas de Nova Iorque e os comportamentos vingativos do atual presidente dos Estados Unidos.
A psicóloga clínica Mary L. Trump tem uma longa luta contra os tios, não só com o chefe de Estado americano. Tudo subiu de tom com a morte do patriarca Fred Trump, em 1999, por causa da herança, com a "guerra" a atingir o seu apogeu quando Trump decidiu vingar-se ao parar de pagar o seguro de saúde do sobrinho-neto que sofre com epilepsia. Na altura era um bebé de 18 meses.
Para entender a complexidade da história é preciso regressar a 1981, quando o filho mais velho do magnata Fred morreu com uma paragem cardíaca depois de uma longa luta contra o alcoolismo. O primogénito dos irmãos Trump é o pai de Mary (a sobrinha que está prestes a lançar o livro 'Too Much and Never Enough: How My Family Created the World’s Most Dangerous Man') e de Fred III.
Os dois irmãos cresceram com alguma proteção da família, e com a sombra do pai que quis abandonar os negócios. Ao ser pai pela primeira vez, de William, Fred III recebeu a garantia do avô que o seguro de saúde do filho ia ser pago na totalidade pelo fundo da família. Mas Fred Sénior morreu e assim começou uma nova guerra na família em meados do ano 2000.
Fred III e Mary, filhos do falecido Fred Jr., foram excluídos do testamento, com a herança de cerca de 20 milhões de dólares sendo dividida apenas pelos quatro irmãos: Robert, Maryanne, Elizabeth e Donald Trump. Os dois sobrinhos decidiram começar uma luta em tribunal para garantir a parte que seria do falecido pai, alegando que o avô sofria de demência nos últimos meses de vida, quando terá feito alterações no documento com o apoio direto de Donald Trump.
A resposta veio uma semana depois. Os tios decidiram cancelar o pagamento do seguro de saúde do então bebé William, que sofria com epilepsia, e quem admitiu tudo foi o próprio Donald Trump. "Eu estava com raiva por causa do processo", disse Trump ao 'New York Times' em 2016, antes das eleições.
Numa rara entrevista, Mary disse em 2000 ao 'Daily News' que "os tios deviam ter vergonha". "Estou certa de que não têm", continuou.
O presidente dos EUA referiu depois que a ação em tribunal acabou com um acordo "amigável" e a família voltou a pagar as despesas médicas de William.