
Júlio Magalhães foi surpreendido na semana passada com um anúncio de buscas da PJ na sua casa em Lisboa, tendo sido obrigado a abandonar o trabalho para fornecer às autoridades alguns dos seus bens. Em causa está uma investigação, a Operação Maestro, por suspeitas de fraude fiscal qualificada, branqueamento e abuso de poder que lesaram os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português.O principal mentor do suposto esquema será Manuel Serrão, empresário do Porto, comentador de futebol, sócio e amigo de longa data de Júlio Magalhães, que poderá ter obtido de forma ilícita quase 39 milhões de euros entre 2015 e 2023.
Foi a vida de luxo de Manuel Serrão que chamou atenção das autoridades. O empresário terá feito do Hotel Sheraton, no Porto, a sua "residência permanente" durante oito anos, entre 2015 e 2023, noticiou o 'Jornal de Notícias'.
Os investigadores mostraram no inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal que o hotel de cinco estrelas no centro do Porto recebeu mais de 372 mil euros da Associação Selectiva Moda naquele período. A consultora que visa apoiar empresas têxteis nacionais é dirigida por Manuel Serrão. Uma noite no Hotel Sheraton do Porto custa cerca de 120 euros, e por mais algumas dezenas de euros é possível ter acesso ao Spa, com serviço de massagem, sauna, tratamentos corporais, banheira de hidromassagem e aconselhamento para exercícios. O hotel oferece também acesso a um ginásio e a uma piscina interior.
Segundo a TVI, Manuel Serrão deixou recentemente de viver no hotel de luxo, mudando-se para uma casa da Ordem dos Médicos que foi arrendada pela irmã.
Além de Manuel Serrão, também são suspeitos António Sousa Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António Branco e Silva, "conhecedores das regras de procedimentos que presidem à candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, [que] decidiram captar, em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios atribuídos à Associação Selectiva Moda e às sociedades No Less e House of Project - Business Consulting", noticia a 'Sábado'.
Serrão, Sousa Cardoso e Branco e Silva terão obtido "o comprometimento de pessoas da sua confiança, do seio do seu círculo de amizades", como o jornalista Júlio Magalhães, "mas também do mundo empresarial, e em particular da área do setor têxtil, casos de Paulo Vaz, João Oliveira da Costa e Mário Genésio".
Até ao momento, a Operação Maestro não fez quaisquer detenções nem arguidos. Sabe-se contudo que Júlio Magalhães suspendeu as suas atividades da TVI/CNN Portugal e na Rádio Observador assim que foi revelado que era um dos suspeitos do suposto esquema de fraude.