Assalto no Louvre em apenas 8 minutos! As imagens e como, afinal, aconteceu o espetacular roubo das joias da Coroa que está a chocar o mundo
Entraram por uma janela do primeiro piso, com coletes refletores e uma rebarbadora, e em menos de dez minutos estavam em duas motas Yamaha em fuga com joias de mais de 80 milhões. Numa falha de segurança brutal, já assumida pela direção do museu de Paris, um total de quatro homens consumaram um assalto que, até ver, teve apenas uma falha: uma das joias, a Coroa Eugénie, foi encontrada caída no chão, na rota de fuga. As autoridades não fazem ideia de quem são os ladrões e, neste momento, as joias históricas já terão sido desmembradas.Ainda hoje, à distância de alguns dias, parece incrível que tudo tenha acontecido em não mais de oito minutos e que os já famosos ladrões do Louvre, que saíram do museu parisiense com joias da rainha, no valor estimado de 88 milhões de euros, continuem a monte, mas entre as falhas de segurança, já assumidas pela diretora, a par com o plano bem orquestrado, protagonizado por quatro homens, confluíram para um dos maiores assaltos da história, que aconteceu à plena luz do dia, no domingo, 19 de outubro, em Paris.
Eram cerca das 9h00 e os visitantes começavam a fazer a sua entrada no museu, onde se previa mais um domingo comum, com as habituais filas e enchentes que pautam o dia a dia no Louvre, um dos museus mais icónicos do mundo, para ver algumas das principais atrações, como o famoso quadro pintado por Leonardo da Vinci, Mona Lisa. Na ânsia de passarem o torniquete para registarem esse momento, poucos foram os que repararam que, a cerca de 180 metros da entrada principal, um camião com uma escada mecânica parava na calçada em frente ao rio. Ainda assim, não seria estranho, com obras, limpezas e outros momentos a obrigarem a logísticas semelhantes. No entanto, o momento simbolizava o início do assalto, que está a chocar o Mundo.
Pelas 9h30, dois homens começavam, então, subir essa escada, que desembocava numa sacada do primeiro piso, que dava acesso a uma janela, por onde os ladrões entraram com recurso a uma espécie de rebarbadora. Saberiam de antemão que estas janelas não seriam blindadas, o que tornou o seu desimpedimento num processo rápido e que os levou a entrar no museu. Esse processo demorou apenas quatro minutos. A janela dava acesso direto à chamada Galeria de Apoio, na parte sudoeste do Louvre, um luxuoso salão em tons de dourado, no qual são guardadas joias da coroa francesa, assim como pinturas do século XIX.
Mais uma vez, os ladrões não hesitaram, mostrando que sabiam muito bem o que estavam a fazer. Para concretizarem o roubo teriam, por fim, de remover o vidro de segurança que guardava as joias de milhões, algo que conseguiram usando a mesma rebarbadora com que entraram.
Imagens obtidas pelo canal francês BFMTV mostram um dos homens, vestindo um colete amarelo flurescente, a forçar a abertura de uma das cabines. Através das câmaras de videovigilância da galeria, foi possível determinar que estes dois homens demoraram 3 minutos e 57 segundos para abrir duas cabines, guardar as joias e abandonar o local, o que faz com que, no total, todo o assalto tenha demorado uns incríveis oito minutos.
As joias da coroa francesa que estavam expostas no Louvre foram salvas ou recuperadas após a Revolução de 1789. A maior parte do que estava nas vitrines datava do século XIX, tendo sido usadas pela família de Napoleão. A par do valor material, estimado em 88 milhões de euros, a perda histórica é incalculável. Os ladrões levaram uma tiara, um par de brincos e um colar usados pela rainha Hortense e pela rainha Marie-Amélie. E ainda um colar e brincos de esmeralda oferecidos como presente de casamento por Napoleão Bonaparte à sua segunda mulher, Maria Luísa, um alfinete e uma tiara de pérolas e diamantes e alfinete de diamantes da Imperatriz Eugénie.
E como num assalto meticuloso é altamente improvável que não haja falhas, durante a saída um dos homens deixou cair a coroa Eugénie, que estaria no chão, perto da zona por onde os ladrões escaparam, e foi resgatada pelas autoridades. Esta quinta-feira, 23, um vídeo captava o momento em que os assaltantes desciam pelas escadas mecânicas, concretizando com sucesso o roubo das joias. Deixaram para trás os coletes amarelos, que já estão a ser analisados pela polícia, e terão ainda tentado pegar fogo às escadas por onde fizeram a fuga.
Por essa altura, há cerca de três minutos soavam os primeiros alarmes no museu, sem que se percebesse concretamente o que estava a acontecer. Os turistas eram então afastados da galeria Apolo, enquanto seguranças começavam a acorrer ao local. No entanto, quando a gravidade da situação já era clara para todos, os homens já seguiam em duas motas Yamaha TMAX, pelas ruas de Paris, junto às margens do Sena, com os veículos a poderem atingir uma velocidade de 160 km/h. As autoridades acreditam que seguiram para Sul, rumo à A6, a principal rota de saída de Paris.
À medida que os dias passam, a esperança de recuperar as joias intactas diminui, com as autoridades a acreditarem que nesta altura já terão sido desmanteladas, derretidas ou delapidadas. O museu reabriria ao público três dias depois, prometendo medidas de segurança reforçadas.
O ESPETACULAR ASSALTO DE MONA LISA
O caso não deixa de fazer lembrar o que aconteceu no verão de 1911, quando Louis Béroud, um pintor parisiense, entrava no Louvre, na hora de abertura, para fazer uma cópia de um retrato pintado por Leonardo da Vinci. No entanto, quando chegou ao Salon Carré constatou que, no lugar da obra que procurava, a icónica Mona Lisa, se encontrava um espaço em branco. Foi o pintor que alertou as autoridades, que deu início a uma caça ao homem. Uma impressão digital encontrada foi comparada à de todos os funcionários do Louvre. Nessa altura, o quadro – que ainda não granjeava da fama atual – já teria desaparecido há mais de 24 horas.
Foram precisos esperar dois anos para se descobrir o paradeiro de Mona Lisa. No final de 1913, surgia uma denúncia: alguém tinha tentado vender o quadro de Da Vinci em Florença, Itália, sendo que o ladrão, estava prestes a descobrir-se, era Vincenzo Peruggia, que durante esse período teve sempre a famosa Mona Lisa guardada no interior da sua casa, em Paris.
O facto de ter trabalhado como vidraceiro no Louvre permitiu-lhe pôr o seu plano facilmente em prática, agindo como se ainda fosse funcionário do espaço. Como à data, não havia alarmes instalados, e perante a ausência de seguranças na sala, tirou facilmente o quadro da moldura, colocou-a numa escadaria de emergência e, depois, no interior do seu casaco, deixando o Louvre tranquilamente com o precioso quadro assim disfarçado, debaixo do braço.
O homem, italiano, acabaria por ser presente a juiz, tendo justificado que decidiu roubar Mona Lisa para a devolver ao seu país original, Itália. Seria condenado a 1 ano e 15 dias de prisão.