Carlos Moedas: o tipo certinho que estudou em Harvard e se tornou no político estrela, amigo dos famosos
Numa altura em que as sondagens dão empate técnico para a Câmara de Lisboa, os candidatos mantêm-se em campanha com as confissões mais pessoais. Das dores de juventude aos filhos que faz de tudo para proteger, Moedas mostra-se à-vontade nos palcos mediáticos.Estamos a pouco mais de uma semana das eleições autárquicas e numa das grandes câmaras de Lisboa está tudo por decidir. As últimas sondagens realizadas apontam para uma grande indefinição sobre o que vai acontecer ao trono de Lisboa, disputado, maioritariamente por duas grandes figuras: Carlos Moedas, o atual presidente da Câmara, e Alexandra Leitão, que concorre pelo PS.
Sobre o rosto do PSD, Carlos Moedas tornou-se, ao longo dos últimos anos, numa cara conhecida dos portugueses, ainda que o seu percurso suscite ainda muita curiosidade. Nas suas redes sociais, o político, de 55 anos, tem por hábito mostrar abertamente alguns aspetos da sua vida, ainda que opte quase sempre por preservar os três filhos, fruto do seu casamento com a francesa Céline Dora, que conheceu enquanto estudava em Paris. "Devo imenso à minha mulher. Ela veio para Portugal sem falar uma palavra de português e mudou a vida dela", contou em conversa com Júlia Pinheiro, acrescentando que optou por preservar a imagem pública dos filhos para que estes não sofram com respingos da sua vida política. "Eu tenho muito medo que eles sejam afetados por isso, também tento proteger a minha mulher, que é uma grande mulher, que mudou de país ao longo da vida. Não falo muito dos meus filhos em público para os proteger."
A entrevista a Júlia Pinheiro não foi, naturalmente, caso único durante a campanha eleitoral, mas o palco em que talvez vemos Carlos Moedas mais à-vontade é com Cristina Ferreira. É uma das suas amigas do meio televisivo, que o levou, inclusivamente, a aceitar um desafio inusitado: subir ao palco durante as famosas palestras 'Cristina Talks' em que falou sobre o seu percurso até chegar à presidência da câmara de Lisboa, e algumas das situações mais marcantes por que passou na vida, nomeadamente na juventude. “Os meus pais não tinham dinheiro e com 11 ou 12 anos, quando a situação já não era boa, quando a situação era difícil, o meu pai que adorava ser jornalista, era a vida dele, de repente o jornal que ele tinha criado entra em falência e o meu pai perde o emprego”, começou por contar, acrescentando que o pai acabaria por mergulhar numa situação muito delicada.
"O meu pai perdeu o gosto pela vida. Eu acho que nunca disse isto, ele perdeu verdadeiramente o gosto pela vida. Não ser jornalista, para ele, era muito mais do que não ter salário, era o perder a vida e quando eu tinha para aí 12 anos ele refugia-se totalmente no álcool. E durante 30 anos eu nunca fui capaz de falar nisto."
Confissões que Cristina elogiou, num afeto mútuo que faz com que seja uma das amizades famosas mais presentes na vida de Carlos Moedas, que ainda recentemente foi também saudado por Lili Caneças, que enalteceu as suas qualidades.
Num percurso de resiliência, o perfil de Carlos Moedas traça-se como o de um tipo certinho e cumpridor, nascido em Beja, no Alentejo, mas que acabaria por estar destinado a correr o mundo. Dos tempos mais felizes da sua vida, recorda quando os anos em que esteve nos Estados Unidos, numa das universidades mais prestigiadas, Harvard, Paris ou Londres, ainda que, de todo o mundo que tinha pela frente, tenha sempre sentido o apelo de Portugal. "Sempre senti a necessidade de voltar. E não posso esconder que sempre tive um certo interesse pela política", explicou aquele que acabaria por entrar neste universo pela mão de Pedro Passos Coelho, que o convidaria para Secretário de Estado.
Agora, luta pela revalidação de Lisboa, em tempos difíceis, depois da Tragédia do Elevador da Glória o ter colocado diante de desafios inimagináveis, cujas consequências políticas são ainda imprevisíveis.