
Loucura com Pedro Sampaio chega este fim de semana a Portugal e ele conta tudo à FLASH!: dos conselhos de Anitta às "marteladas" que tem levado
Fenómeno do funk carioca, cantor fala sobre o regresso ao nosso país, lembra que começou a tocar num balde, recorda os tempos em que ninguém lhe dava ouvidos, fala de Pabllo Vittar (com quem já lhe foi apontado um romance) e diz que cada passo que dá é com a intenção de "furar a bolha".
Em 2019 já se escrevia, no Brasil, que quem não rebolava a bunda com as músicas 'Bota Pra Tremer' ou 'Vai Menina' é porque andava a frequentar as festas erradas. Por detrás delas estava um jovem cantor e DJ que dava pelo nome de Pedro Sampaio, à data com apenas 21 anos. Hoje, o seu nome dispensa apresentações, quer no Brasil, quer em Portugal onde a sua estreia aconteceu no ano passado, no Festival Sudoeste, e se repete agora com espetáculo hoje na Altice Arena, em Lisboa, e domingo no Altice Forum Braga.
Nascido no Rio de Janeiro em Dezembro de 1997, Pedro Sampaio começou a trabalhar como DJ em várias festas sociais pela zona do Rio e aos 17 anos entrou para a equipa de artistas do DJ e produtor brasileiro DennisDJ, figura de proa do funk carioca. Em 2017 abriu um canal no Youtube para partilhar versões, feitas por si, de artistas que admirava, e a coisa foi pegando e chamando a atenção. Em 2019 lançou o single 'Sentadão' com o cantor Filipe Original, tornando-se rapidamente numa das músicas mais passadas nas rádios brasileiras.
Hoje, aos 25 anos, Pedro Sampaio é um nome que rivaliza, em popularidade, que alguns dos maiores artistas do funk como Kevinho, Ludmilla ou Anitta, de quem é amigo pessoal e com quem gravou os mega-hits 'Dançarina' ou 'No Chão Novinha'. No topo da popularidade no Brasil, o cantor tem andado no centro das atenções e envolvido em algumas polémicas. No final do ano, por exemplo, foi-lhe atribuído um relacionamento amoroso com Pabllo Vittar por causa de um beijo na boca que os dois trocaram no programa de televisão 'Multishow'. O cantor, no entanto, apressou-se a explicar: "É uma coisa nossa. A gente se curte muito". Para mais tarde refletir sobre preconceito: "Acho que é tão atrasado cobrar uma definição: sou gay, sou bi, sou hétero. Você é você, faz o que quiser, quando quiser, com quem quiser".
Através de uma video-chamada por Zoom, a partir do Rio de Janeiro, Pedro Sampaio, fala à The Mag do artista que continua a manter viva a criança que se quer divertir, do tempo em que ninguém queria saber de si, das canções que todos ignoravam, recorda a passagem por Portugal no ano passado e a "galera" no festival Sudoeste, revela que está a viver num "parque de diversões", fala das críticas que só servem para "machucar" e explica quais são as intenções na música.
Que espetáculo é este que traz agora a Portugal? Tem alguma surpresa preparada para os fãs portugueses?
Eu preparo sempre surpresas. Portugal é um local muito especial para mim e por isso não tinha como não preparar surpresas. Recentemente fiz um espetáculo no Lollapalooza [festival nascido nos EUA nos anos 90 mas que já tem versão brasileira] e é precisamente esse formato que eu vou apresentar em Portugal, mas com alguns detalhes que são novidades, até porque eu vou ter mais tempo.
Mas que novidades são essas?
Vai ser um espetáculo mais intenso e de maior entrega. Vou levar o meu ballet completo que é totalmente novo e que resultou de uma audição que fizemos em S.Paulo em que até apareceram algumas pessoas que vieram de Portugal. Selecionamos os melhores entre os melhores e estamos com uma equipa bem completa. Para lá disso, todas as minhas músicas vão ter novas versões com mais funk e música eletrónica.
Como foi a sua passagem por Portugal, pelo festival Sudoeste no ano passado? Deu tempo para fazer amizades?
Amigos ainda não, mas fiz alguns conhecidos. Foi uma passagem muito rápida. Fiquei três dias em Portugal. Um dia cheguei, no outro foi o espetáculo e no terceiro fui embora, mas ainda consegui arranjar tempo para, no dia anterior ao espetáculo, ir para a rua e visitar alguns locais. Já no dia do espetáculo, no Sudoeste, desci até ao público e assisti aos restantes concertos lado a lado com a galera e por isso foi tudo muito intenso.
Mas o que é que conseguiu, em concreto, conhecer de Portugal nesse pouco tempo que saiu à rua?
Fui em algumas ruas mais tradicionais, fui em alguns restaurantes e tentei ir ao Castelo de S.Jorge mas na hora em que cheguei o portão fechou (risos). Portugal é um país muito rico culturalmente e para mim é uma honra poder ser recebido aí.
É verdade que a Anitta lhe deu algumas dicas e conselhos antes de vir para Portugal?
Claro. Ela já foi a quase todos os países do mundo e eu estava a ir para o meu primeiro espetáculo internacional. Por isso perguntei-lhe: "vai fala aí, como é que é?". E então ela me antecipou a dica mais importante de todas quando me disse que as pessoas têm o hábito de cantar "Essa merda é que é boa!" [exemplifica cantando]. No Brasil ninguém canta isso. Foi uma dica de ouro porque quando chegou na hora e a galera começou a cantar aquilo eu já sabia que era um bom sinal e que toda a gente estava a gostar.
E Anitta também lhe disse para não falar em Espanha?
Não, isso não, mas disse-me para não dizer alguns palavrões que não eram legal, mas que eu agora já não me lembro.
O Pedro é, neste momento, um fenómeno no Brasil e em Portugal. Com apenas 25 anos, como é que está a lidar com esta exposição e atenção toda que está a recair sobre si?
Eu sou artista, produtor e sou o meu próprio empresário e por isso tenho uma visão um pouco mais madura das situações. Isto para mim não é algo que me vá desestabilizar ou me deslumbrar. Tudo o que eu consigo, vejo como objetivos concluídos. Nós trabalhamos para isto. Eu faço a minha música com carinho e diversão para ela tocar o corpo e o coração das pessoas independentemente do país onde vivem, da cultura, do idioma ou da religião. Quando vejo que a minha música chega a esses lugares é uma sensação de mais um passo dado. Essa foi exatamente a sensação que tive em Portugal no ano passado. Sorri desde o momento em que embarquei no avião até que regressei para o Brasil. Nunca imaginei que tudo acontecesse tão rápido.
Mas não há deslumbramento?
Não há. Quem me conhece percebe que não há. Aquilo que está a acontecer comigo é como ir ao melhor Parque de Diversões do mundo. No outro dia comprei uma jaqueta cara confesso, mas não é deslumbramento (risos).
É verdade que no início teve dificuldade em que as pessoas acreditassem na sua música?
Sim tive, e esse foi o motivo pelo qual comecei a cantar. No início, eu era DJ e produtor, fazia as minhas batidas e produzia as minhas músicas, só que não as cantava. O que eu queria era que outros cantassem o que eu fazia e por isso ia atrás dos artistas. Só que, como estava muito no início, ninguém queria, ninguém me dava ouvidos nem oportunidades. Andei muitos anos nessa procura até que um dia decidi não esperar mais e fazer do meu jeito. Comecei a testar e a gravar a minha voz usando 'voicetunnig', à procura de uma caminho para seguir e então descobri que podia fazer isto. Comecei então a gravar músicas e foi quando veio o 'Vai Menina', 'Sentadão', 'Dançarina' e a coisa foi só ladeira acima...
Que história é essa de ter começado a tocar num balde, na cozinha de sua casa?
(risos). Acho que esse foi o meu primeiro contacto com música que me lembro. Devia ter uns onze ou doze anos. Na minha família não existe nenhum artista, mas sempre gostámos muito de ouvir todo o tipo de música e lembro-me da minha vontade de querer fazer parte daquilo de alguma maneira. Então, a forma rápida que eu encontrei foi pegar um balde e batucar acompanhando o que eu ouvia de samba e pagode. Dali fui-me apaixonando cada vez mais.
E esse menino ainda existe no Pedro Sampaio?
Ainda existe tudo. Quando me perguntam qual é o segredo do meu sucesso em relação à música, eu acho que é isso, não deixar morrer o menino que vive em nós, não deixar ser adulto demais nem criança demais. E eu acho que, quando estou a criar a minha música, a criança que existe em mim e que quer se divertir fala sempre mais alto.
Sabendo que o Pedro tem um público muito jovem, existe preocupação da sua parte em passar algum tipo de mensagens ou não usar algum tipo de palavras ou expressões?
Existe, mas não por conta do público, existe por uma questão de ética minha e de educação. A minha música atinge desde crianças até idosos, e acredito que nos espetáculos em Portugal também vai ser assim, mas eu faço a minha música para me divertir e falo sobre aquilo que gosto.
E sobre o que é que gosta de falar?
Depois do espetáculo do Lollapalooza iniciei uma fase mais madura da minha carreira e o meu próximo disco, por exemplo, vai vir com músicas muito mais densas em relação a mensagens. Até agora sempre me apeguei muito em transmitir alegria, sensações e mensagens positivas para o público, tanto nas batidas como nas letras, e muitas das mensagens que quero passar têm a ver com as minhas atitudes do dia a dia, mostrando que podemos ser sempre melhores.
Há tempos, numa entrevista, dizia que estamos aqui na terra para mais do que apontar o dedo. Têm-lhe apontado muito o dedo?
Sim, até pelo meu lugar de destaque como artista. Conhece o ditado 'prego que se destaca toma martelada'? (risos) Então é isso. Tem mesmo muita martelada, há sempre quem critica e fala, desde o jeito que eu canto até à forma como eu me visto. Mas isso é normal. Tudo o que você faz e funciona a galera vai criticar, mas isso acaba por ser um sinal de sucesso. Cada passo que eu dou tem uma característica de furar a bolha.
O beijo ao Pabllo Vittar no ano passado também valeu uma martelada!
(risos). Claro, mas o Pabllo leva muito mais marteladas do que eu. Eu acabo por nem ligar muito a essas marteladas porque não dizem nada. Só estão ali para machucar.