O estranho mundo de Nuno Homem de Sá. Mete fantasmas, espiritismo, Ovnis, drogas e muita violência
Depois da saída do polémico cantor Leandro da casa do 'Big Brother Famosos', Nuno Homem de Sá passou a ser o mau da fita e o alvo do ódio dos colegas. Há quem lhe chame manipulador, conflituoso e ardiloso. Mas afinal quem é este homem que nasceu no seio de uma família abastada, que foi um arruaceiro sempre à procura de bulha pelas ruas de Lisboa e que fazia sessões espíritas pregando cagaços aos amigos? Ele contou-nos tudo antes de se fechar numa casa com 13 pessoas e de se expor perante milhões.
O ator Nuno Homem de Sá, de 59 anos de idade, é um ser humano complexo e desvendou, em confissões íntimas, parte dessa complexidade à The Mag, pouco antes de entrar na casa mais vigiada de Portugal. No 'Big Brother Famosos', na TVI, Nuno é frequentemente criticado pelos colegas por estar sempre a jogar e a usar táticas que os assustam, e aborrecem. Venha conhecer o pensamento de um ator... diferente, mas que não deixa ninguém indiferente.
Nuno Homem de Sá reconhece que na juventude era brigão, um bocado arruaceiro, mesmo, e que esse foi um traço de personalidade que lhe ficou para a vida. "Sim, eu era uma pessoa revoltada por dentro. Por fora sabia comportar-me e fazer tudo direitinho, com boa educação, tal como os meus pais me ensinaram. Mas depois saía para a rua com os meus amigos e era uma fera, uma besta selvagem".
"Por fora sabia comportar-me e fazer tudo direitinho, com boa educação, tal como os meus pais me ensinaram. Mas depois saía para a rua com os meus amigos e era uma fera, uma besta selvagem."
E como agia essa "besta selvagem"? "Olha, andava todos os dias à pancada com gente aleatoriamente, homens, habitualmente. O meu complexo de Édipo mal resolvido levava-me a querer matar o pai e fugir com a minha mãe e viver com ela. A minha revolta direcionada ao macho Alfa dominante virou-se para os machos da rua", elabora.
UM ARRAIAL DE PANCADARIA
As cenas frequentes de pancadaria acabaram por provocar estragos no futuro ator. A quem, curiosamente, os responsáveis pela novela 'Vila Faia', em 1982, atribuíram o papel de um jovem pugilista.
Instado a contar uma das suas muitas aventuras de faroeste pelas ruas de Lisboa, Nuno Homem de Sá aceitou o desafio com agrado: "É pá, sim, tivemos uma vez uma cena de pancadaria contra um grupo de homens de uma escola de condução ali no Arco Cego. Eles tinham todos trinta anos para cima. Um amigo meu provocou-os porque sentia as costas quentes comigo e mais outro. Quis mostrar às meninas que dava bailinho aos senhores crescidos", recorda a sorrir e saudoso.
"Aquilo foi uma festa. Eu tinha uma camisa branca e tinha as costas vermelhas do sangue."
A provocação surtiu efeito, mas como acabou a "festa"?, indagámos.
"Eles começaram a gozar a mandaram vir no café 'um copinho de leite aqui para estes meninos'. O meu amigo picou-se, levou nos queixos, eles começaram a arrear nele. O resto da malta fugiu para o outro lado da rua e eu fiquei ali, e pensei: 'É pá, coitadinho'. E então éramos nós os dois contra seis e foi uma coisa marada. Eu fiquei estragado porque levei com uma cadeira de ferro das esplanadas na cabeça e ainda hoje não me cresce cabelo aqui (aponta para a nuca). Aquilo foi uma festa. Eu tinha uma camisa branca e tinha as costas vermelhas do sangue."
À PENDURA NOS ELÉTRICOS
O grupo de amigos e os rivais nunca precisaram de chamar a polícia. "Não, a malta resolvia tudo entre nós", esclarece, engatando mais uma história de aventuras na Lisboa dos anos 80. "Tivemos uma situação dentro de um elétrico ali na zona da Estefânia porque andávamos sempre à boleia. Um dia tivemos azar porque dentro do elétrico estava um grupo de funcionários da Carris. Quando o revisor vem para nos pedir os bilhetes a malta foge, mas há um deles que nos mete a perna à frente, a malta cai e eles caem-nos em cima para nos dar uma sova. A nossa sorte foi que na rua estava um grupo de trolhas das obras. Viram um bando de homens a malharem em dois rapazes e entraram pelo elétrico a dentro e aquilo parecia uma cena do Astérix. Eles ficaram lá à batatada e nós saímos de fininho", remata.
OVNIS, VISÕES E FANTASMAS
Entretanto Nuno Homem de Sá cresceu e, lentamente, fez um percurso de espiritualidade, que diz ter "durado a minha vida inteira". "Tinha um grande interesse por fantasmas, por OVNIS, por espíritos porque eu sabia que havia mais qualquer coisa do que isto." Desde novo que o ator tinha grande interesse por coisas do Além, daquelas que não têm explicação física. "T
"Tinha um grande interesse por fantasmas, por OVNIS, por espíritos porque eu sabia que havia mais qualquer coisa do que isto."
Além de nos seus sonhos "ver mortos e vultos, coisas mesmo estranhas", Nuno Homem de Sá sempre procurou respostas no universo esotérico. "Havia uma revista que era a 'Homem, Mito e Magia' e eu tinha todos os fascículos e tive um kit de tarô para ler a sina aos meus amigos. Gostava de ler mãos. Não resultava muito porque eu transformava aquilo em algo muito assustador. Fiz uma sessão de espiritismo com uns amigos em que eles se borraram todos. Tinha os meus 13, 14 anos. Encarnei um espírito, acho que estava a brincar, mas fui muito convincente", diz, sem hesitar.
A CANÁBIS SALVOU-O DA DEPRESSÃO
O que também o ajudava a conectar-se com algo espiritual eram os seus consumos diários de canábis. "Quando ouço em todo o mundo que a canábis é uma ferramenta medicinal percebi que me andei a automedicar durante a maior parte da minha juventude e que isso me safou de depressões e de outras coisas esquisitas. Sinto uma maior ligação com o que vai cá dentro, mesmo que esteja reprimido. Para já ajudava-me imenso a regular o sono. Tinha sempre soninho e dormia lindamente. O apetite era igual, ficava mais pacato, tranquilizava-me. Dava-me capacidade de conseguir olhar noutras direções."
"Quando ouço em todo o mundo que a canábis é uma ferramenta medicinal percebi que me andei a automedicar durante a maior parte da minha juventude."
AS PIORES DECISÕES NA VIDA
Nuno reconhece que consumir drogas era, nos anos 80 do século passado, um coisa bastante normal entre os jovens. "O pessoal da minha geração experimentou muitas coisas. Seria mais fácil a pergunta: 'O que é que tu não experimentaste?'. Tive algumas dificuldades. O álcool foi a pior droga que conheci. Fui um alcoólico do estilo noturno. Só bebia à noite... Bebia desde os 11 anos e tive que cortar por uma questão de saúde mental", recorda, acrescentando: "As piores decisões que tomei na minha vida foram influenciadas pelo álcool, inclusive experimentar drogas sintéticas, pesadas. O álcool faz ter coragem para muita coisa. Uma delas é abafar a nossa intuição."
"As piores decisões que tomei na minha vida foram influenciadas pelo álcool, inclusive experimentar drogas sintéticas, pesadas."
Questionado sobre como se sente espiritualmente, Nuno Homem de Sá avança: "Fazer a paz connosco próprios é uma das maiores metas do ser humano e da nossa espiritualidade". "Encontro-me num processo de me entender e ter compaixão por mim mesmo", sublinha o agora concorrente do 'BBF' mais contestado da casa. Depois do cantor Leandro, claro.