O que é feito de Pedro Nuno Santos? Político recupera tempo com a mulher e o filho mas não esconde a revolta com um tema que lhe é sensível
Antigo Secretário-Geral do PS tem-se dedicado a recuperar o tempo que roubou o filho Sebastião e a dar-lhe alguma normalidade. De férias com a mulher e a criança, não resistiu, porém, a dar um murro na mesa sobre um tema com o qual sofreu na pele.Depois da derrota eleitoral, no final de maio, Pedro Nuno Santos remeteu-se ao silêncio. Arredou-se dos principais palcos políticos e, nas redes sociais, apenas quebraria esse voto de ausência para ir partilhando, aqui e ali, algumas publicações mais pessoais, nomeadamente com o filho, Sebastião, o grande castigado do seu percurso como Secretário-Geral do PS. Enquanto estava em campanha, o candidato a primeiro-ministro falou várias vezes do assunto: o filho era quem mais se ressentia das suas ausências, que tiveram um impacto direto na dinâmica de toda a família.
"Tive uma reunião com a professora dele há umas semanas e ela mostrou-me uma carta que ele tinha escrito e era uma carta a perguntar aos avós onde é que eles estavam quando não estavam com ele. E ele dizia que agora só estava com a mãe e quase não tinha o pai", disse antes das eleições.
Além disso, para formalizar a sua candidatura, e de forma a evitar situações de potencial conflito de interesses, a mulher, Ana Catarina Gamboa, colocaria em suspenso a sua carreira, arredando-se do universo político, que a levou a ser nomeada chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, em 2019.
Depois da tensão, é, por isso, agora tempo de equilibrar os pratos da balança e recuperar o tempo perdido. Esta quarta-feira, dia 13 de agosto, Pedro Nuno Santos partilhou uma imagem que mostra que está a desfrutar das suas férias de verão ao lado da mulher e do filho. Um reaparecimento tímido nas redes sociais, depois de uma espécie de 'período de nojo' em que Pedro Nuno Santos precisou de parar para colocar tudo em perspetiva.
A QUEBRA DO SILÊNCIO POLÍTICO
Além destas partilhas mais familiares e íntimas, Pedro Nuno Santos quebraria também o silêncio político para falar de dois temas em particulares. O primeiro teve a ver com o facto de a investigação à forma como tinha comprado a sua casa de família ter sido arquivada, numa reposição da verdade que o político fez questão de reforçar.
“Nunca misturei política com negócios. Desprezo, e sempre desprezei, quem usa a política para enriquecer e para ‘tratar da sua vida’. Percebo a zanga de muitas pessoas e os juízos de valor que fazem sobre os políticos mas nós não somos mesmo todos iguais”, afirmou.
Além disso, comentaria também as propostas do governo para as mudanças sobre o luto gestacional, um tema que lhe é particularmente sensível, uma vez que em 2022, Pedro Nuno Santos e a mulher perderiam o bebé que esperavam, com Ana Catarina a ter sofrido um aborto.
"2022 foi um ano duro, negro. Muito difícil para mim e para a Catarina. Havia projetos de vida que nós não conseguimos. Queríamos uma família maior e nunca conseguimos", revelou Pedro Nuno Santos em conversa no 'Alta Definição'.
"Temos uma grande alegria e, depois, temos uma desilusão", continuou, para dar conta que, por detrás da sua postura serena, estão, na maioria das vezes, outros sentimentos que as pessoas não conhecem. "Habituamo-nos a conviver com um político e esquecemo-nos de que há ali vidas como as outras".
"Como é que aquilo que é tão importante para mim, tão importante para a Catarina e o que nos aconteceu… como é que amanhã tenho de fazer de conta que estou como estava antes?'", questionou.
Agora, Pedro Nuno Santos não esconde a revolta pelas mudanças que o Governo quer impor em relação a um tema tão duro para um casal.
"O que fazem é terminar com a possibilidade da mãe e do pai tirarem três dias por luto gestacional quando não se justifica que a mãe tire a licença por interrupção da gravidez. E porque é que no caso do pai se fala em 'assistência à família’? O pai não sofre com a interrupção de uma gravidez desejada? Não tem direito ao luto?”, questionou, acrescentando: “No essencial esta revogação é apenas uma redução de direitos. A direita que não encha a boca para falar de família, porque na realidade não querem saber das famílias, nem do sofrimento por que estas passam quando há uma perda gestacional.”
Um desabafo pontual antes de Pedro Nuno Santos regressar àquilo que é a sua grande preocupação de momento: a família.