O renascimento de Cláudia Vieira! Como a atriz se reinventou para o papel da sua vida após anos de luta que envolveram uma tempestade emocional
Aos 47 anos, Cláudia recebeu um enorme presente da SIC e é protagonista da novela 'Vitória', que a levou a dar um salto de maturidade enquanto atriz e a atirou para o patamar seguinte na sua carreira. Segura no seu enorme desafio, revela que dificilmente será a mesma pessoa depois disto. "Tem sido uma descoberta", assume, fiel ao seu estilo discreto, que sempre manteve em todas as fases da sua vida, inclusivamente quando o seu mundo desabava.Vinte e um anos depois de ter feito a sua estreia, muito jovem, na série juvenil 'Morangos com Açúcar', de dezenas de participações em novelas e diversos projetos televisivos, Cláudia Vieira recebeu o grande presente da sua carreira. Daniel Oliveira bem avisou que seria o papel da sua vida e as primeiras imagem da atriz em 'Vitória', que estreou esta semana na SIC, comprovam-no. Aos 47 anos, Cláudia não é apenas protagonista da trama, entrega-se com maturidade à dor da sua personagem - uma mulher presa injustamente e que tenta reconquistar o amor dos filhos - num caminho revolucionário que a fez, aos olhos do público, dar um salto de gigante enquanto atriz.
"Estou a sentir-me a vibrar, e mais viva que nunca nesta entrega. Provoca-me uma dor que se calhar nenhuma personagem me provocou até então", começa por contar Cláudia Vieira, acrescentando que a personagem a fez ganhar uma nova "elasticidade" profissional.
"É um papel com uma intensidade, uma carga e que tem sido uma descoberta enquanto atriz, no sentido de ir a zonas que eu desconhecia, porque acho que provavelmente nunca tinha tido uma personagem que me obrigasse a descobri-las. Mas para mim está a ser altamente revelador, exigente, muito, muito, empolgante, mas sempre a temer algumas cenas, e isso faz-me sentir mais viva que nunca. É um desafio daqueles".
Dos receios iniciais, Cláudia entregou-se ao trabalho e, em conjunto com a direção de atores, fez aquilo que admite nem sempre ter tido o tempo e a consciência necessária para desenhar: ir ao fundo da personagem, trabalhá-la no seu percurso, nas suas memórias, para que esta pareça tão coerente quanto humana aos olhos dos telespetadores. Por isso, e apesar do sentimento de responsabilidade quando a protagonista lhe foi entregue, a estrela assume que trabalhou para estar ao nível do que lhe foi colocado em mãos.
"É um bocadinho assustador. O Daniel repete isso (que é o papel da sua vida) desde o primeiro minuto em que me fez o convite. Aquilo que posso dizer é que dificilmente sou a mesma Cláudia ou a mesma atriz depois de ter construído e dado vida a esta personagem. Porque o método de trabalho foi muito diferente, foi mesmo vincar dentro de mim as várias etapas da vida desta Vitória. É um papel pesadíssimo”.
E se na vida há uma altura certa para que cada etapa aconteça, pode-se dizer que, para Cláudia, Vitória foi um presente providencial numa fase em que estava totalmente preparada para o receber. Com a bagagem dos seus mais de 20 anos de carreira como atriz e a estabilidade emocional que atingiu, depois dos anos difíceis da separação de Pedro Teixeira, muito exposta publicamente, Cláudia encontra-se agora mais serena do que nunca, feliz com as duas filhas e numa relação estável com o empresário João Alves, num percurso que a atriz soube sempre gerir com inteligência emocional, diplomacia e sem prejuízo para a sua imagem pública.
Em entrevista sobre o assunto, ao programa 'Alta Definição', Cláudia Vieira acabaria por admitir que esses foram tempos delicados, em que esteve longe do seu brilho e felicidade naturias.
"Houve determinados momentos que foram dificílimos. A parte mais difícil foi a emocional, foi não deixar passar à Maria nada da infelicidade ou da angústia que eu pudesse estar a viver. Foi realmente uma altura da minha vida em que eu tive de ir buscar forças que nem sabia que tinha. Estava a viver de forma tão distinta do que sou que tive a sensação que estava apagada, que tinha um filtro entre mim e a vida.”
Como tudo, a estrela teve de saber dar tempo ao tempo, permitir-se chorar, fazer o luto e crescer nessa aprendizagem para mais tarde se reerguer. Hoje, esses tempos não são esquecidos, mas estão num lugar resolvido, pelo qual Cláudia não se deixa consumir, sempre com a certeza de que sempre teve em mente o que é verdadeiramente importante, não se desviando de um caminho de coerência que sempre fez questão de manter.