Revelação: toda a verdade sobre a virgindade de Laura Diogo das Doce e do travesti envolvido no "escândalo Reinaldo"
A cantora ainda sonhava casar virgem quando foi alvo de difamação. Quarenta anos depois sabe-se que afinal quem teria dado entrado na urgência do Hospital de Santa Maria foi um travesti que idolatrava Laura Diogo. Toda a história contada por quem a viveu de perto.
"Chama-me Laura e perdoa-me. Fui eu que dei entrada no hospital naquela noite". É assim que Laura Diogo, personagem interpretada pela atriz Ana Marta Ferreira na série 'Doce', descobre a origem do boato que teve de enfrentar e quase destruiu a sua vida.
Na série - em exibição - a revelação é feita por um travesti à beira da morte que adorava a cantora e nela se inspirava. No quinto e sexto episódio da produção transmitida pela RTP, o boato de que a cantora teria sido sodomizada por Reinaldo Gomes, jogador do Benfica, e obrigada a recorrer à urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é um dos temas em destaque. Um retrato, afinal, muito próximo daquilo que realmente aconteceu mas que só com o filme, e agora mais em pormenor na série, é revelado, apurou a FLASH!.
"Na altura, ele [travesti] fazia a figura da Laura e entrou no hospital a dizer: 'Eu sou a Laura Diogo'".
"Foi mais tarde quando estava a tirar o estágio do curso de Psicologia, que encontrou esse travesti. A Laura fez alguns trabalhos junto de casas de pessoas doentes e encontrou esse rapaz e ele até lhe pediu desculpa e tudo", conta, agora, Fátima Padinha à FLASH!, acrescentado: "Na altura, ele fazia a figura da Laura e entrou no hospital a dizer: 'Eu sou a Laura Diogo'".
Um episódio que abalou o grupo musical e pôs em risco a sua continuação "Na altura soube que houve dois médicos que, ao mesmo tempo, na bôite Stones e na bôite Tesouro, na noite em que nós fomos ao Skylab fazer um espetáculo – dia 22 de outubro de 1981, nunca mais me esqueço – esses dois médicos em bôites diferentes disseram que a Laura Diogo tinha entrado naqueles preparos. A Laura diz que mais tarde veio a encontrar o rapaz e que ele lhe disse: 'Eu fui a causa disto tudo' e lhe pediu desculpa porque entrou no Hospital de Santa Maria a dizer eu sou a Laura Diogo, eu sou a Laura Diogo", revela Fá, confessando que ainda hoje não tem "adjetivos" para um ato tão "ridículo".
"Na altura soube que houve dois médicos que, ao mesmo tempo, na bôite Stones e na bôite Tesouro, na noite em que nós fomos ao Skylab fazer um espetáculo – dia 22 de outubro de 1981 – esses dois médicos em bôites diferentes disseram que a Laura Diogo tinha entrado naqueles preparos"
Os médicos a que se refere seriam também identificados pelo advogado das cantoras na época, Agostinho Pereira de Miranda, recentemente numa entrevista a um jornal diário.
O MITO DA VIRGINDADE DA LOIRA DAS DOCE
"Na altura só tínhamos testemunhas oculares e o processo em tribunal teve de ser arquivado porque não havia testemunhas diretas. E as testemunhas oculares, que não são obrigadas a testemunhar, não quiseram e o processo acabou por ser arquivado", adianta Padinha, lembrando que quando este boato surgiu as Doce estavam na América.
"Na sexta feira anterior estávamos a ir para a América e o manager que nos contratou perguntou: 'Mas vêm as quatro?'.... Ele já sabia. Agora imagine como isto foi... Perguntamos porque é que não haveríamos de ir as quatro. Quisemos saber o que se passava?", recorda.
Quatro mulheres sensuais e talvez demasiado modernas para o tempo em que viviam despertaram as atenções da sociedade portuguesa. No entanto, e apesar de Laura Diogo ser loura e ter uma imagem bastante sensual, a verdade é que não tinha ainda iniciado a sua vida sexual - conforme é afirmado na série (e filme) 'Bem Bom'.
"A Laura era virgem quando entrou para as Doce e nós brincávamos com ela por causa disso. Depois, da sua vida não sei o que se passou. Agora que ela era virgem era e que queria casar virgem também é verdade", confirma Fá, apontando o dedo a quem levantou o boato que quase pôs em causa a continuação do grupo: "Veja bem, uma menina que nunca quis… Ela era muito sensual mas não havia ali imoralidade, não havia ali rigorosamente nada. É tão ridículo isto tudo".
"A Laura era virgem quando entrou para as Doce e nós brincávamos com ela por causa disso."
Para Fátima Padinha não há explicação para um acontecimento deste género. Contudo está ciente de que as Doce fomentavam a imaginação e fantasia de muitos homens e mesmo mulheres. "Na verdade coitado do Reinaldo. Ele é que realmente foi uma pena porque lhe estragaram a vida", conta Padinha, lembrando que nunca falaram com o jogador. "Nós nunca o conhecemos. Acredita nisto? Nunca falamos com ele, nunca estivemos ao pé dele, nada. Sabemos que estava no apogeu da carreira e que depois tiveram até que tirar o filho da escola porque era insultado. Tinham um menino de oito ou nove anos que teve de ir para casa dos pais da mulher, em Vila Nova de Famalicão. A família teve mesmo de se retirar para se afastar disto tudo", adianta a ex Doce.
"Nós conseguimos, nós éramos mulheres de força e viramos a vida do avesso mas enfrentamos isto com muito profissionalismo, porque era tudo mentira e não tínhamos de estar agarradas a esta confusão. Vamos mas é para a frente, as pessoas que falem, e continuamos a trabalhar. Estávamos de consciência tranquila", diz satisfeita com o grupo e arriscando o que poderá ter acontecido para tal boato: "Possivelmente o rapaz terá ido acompanhado por alguém de cor e associaram ao Reinaldo que era um jogador que tinha ganho uma bota de outro e estava no Benfica, mas isso já vai da cabeça das pessoas.
O BOATO QUE CHEGOU À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
"Na altura toda a gente conhecia uma pessoa. Tinha um primo, um irmão, um tio que estavam no hospital e que tinham visto a Laura. As pessoas garantiam a pé juntos de que era verdade. E depois é preciso ver que só haviam alguns jornais e uma televisão e nós não tivemos eco, nós não nos pudemos defender, porque uma coisa que chega, como chegou, à Assembleia da República, pode ler-se nas atas, em que se fala do boato em pleno parlamento, faz pensar como é que isto atingiu a sociedade da forma como atingiu", identifica Fá, consciente de que ainda hoje há pessoas que "garantem que é verdade".
"Acho que há pessoas que gostam da fantasia em si, porque gostam da história, gostam da ideia", diz a ex Doce confessando que quarenta anos depois o grupo, incluive Laura Diogo, já se conseguem rir deste boato. "Porque é tão díspar, é tão ridículo, não há senso nenhum portanto dar eco e fomentar uma coisa destas não se entende, mas ainda quem o faça", remata.