Solidão e lágrimas! Letizia está cansada de ser vista como a vilã de Espanha
A mulher do rei Felipe VI enfrenta uma solidão pesada. Está a pagar caro a cruzada que iniciou por uma coroa mais transparente e livre dos escândalos de corrupção que mancharam a monarquia por culpa do sogro, o rei emérito Juan Carlos. Sente-se desapoiada e desconsiderada e isso dói-lhe profundamente.
O retrato que é repetidamente traçado não é muito favorecedor a Letizia. Dela diz-se que é uma mulher ambiciosa, fria, calculista, vingativa, teimosa e muito controladora. Ángela Portero, uma das suas biógrafas mais polémicas, não tem dúvidas quando fala da rainha de Espanha: "Letizia não aceita ficar dois passos atrás do marido como Sofia aceitou", diz a jornalista fazendo uma comparação entre a mulher de Felipe VI e a sua sogra, a rainha emérita.
"É hiperativa, expansiva, impaciente, apaixonada, espontânea e dura de contrariar". Ao contrário do marido. O casal real tem personalidades muito diferentes. Diferenças que justificarão as certas desavenças entre eles, em particular "pelo feitio impositivo que tem [a rainha], pela sua mania de querer impor a sua vontade". É certo que ao longo dos 19 anos de casamento, o filho de Juan Carlos e Sofia já apreendeu a lidar com a mulher com quem escolheu casar, mas ainda assim, com os anos, essas disparidades vão se acentuando e, muitas vezes, faltará a paciência para aceitar todos os caprichos da antiga jornalista da TVE.
Mábel Galaz, jornalista e autora do livro ‘Letizia Real’ dá a sua opinião sobre a mulher que se tornou o centro de todas as atenções [e nunca mais conseguiu deixar de estar sob os holofotes mediáticos] quando aos 31 anos foi anunciada como a noiva do príncipe herdeiro de Espanha: "Parece-me que há várias Letizias nestes quase 20 anos na Zarzuela. Uma é a princesa, que foi uma mulher que lhe custou muito adaptar-se a viver num palácio e ter que controlar as suas expressões, movimentos… Deixou de ser uma jornalista a quase não poder falar. Isto fez com que se tornasse muito obcecada com a perfeição, em controlar-se, medir todos os seus gestos e passos. Isso fez com que se convertesse, aos olhos de muitos, numa pessoa um tanto distante. Antes, tinha um papel secundário, tanto ela como Felipe estavam sob as ordens do rei Juan Carlos", começa por evocar a jornalista em entrevista ao ‘El Periódico de España’.
ESTÁ CONSCIENTE QUE AINDA LHE FALTA CONQUISTAR O POVO
Esse papel secundário deu-lhe uma margem de manobra muito reduzida, praticamente nula. Tinha apenas de cumprir aquilo que lhe diziam. Mas a então princesa nunca aceitou de bom grado essa posição subalterna. Como também não perdoou o facto de ser tratada de forma diferente e discriminatória por todos os Borbón, especialmente pelo seu sogro. Vem desses tempos a raiva que ganhou à família do marido. A vingança tardou, mas não falhou.
"Agora, como rainha, estamos a começar a conhecê-la um pouco mais. Mais segura, com a experiência que lhe deu o passar dos anos. Está, no entanto, consciente de que tem ainda que conquistar o agrado do povo. Ainda que também saiba que não vai conseguir agradar a todos. Tem de mostrar-se mais próxima e perder essa suposta altivez. Há a ideia unânime de quem lida de perto com ela que quando as câmaras se apagam e os microfones se desligam, é próxima e afável", revela Mábel Galaz à já citada publicação.
ACREDITA QUE É A MULHER CERTA NO LUGAR CERTO
Sendo afável confirma-se a imagem de ser uma mulher ambiciosa e controladora? "Há muito dela nesse perfil. Essa imagem é a que chega até nós, pois não há muitas oportunidades para grandes frente-a-frente, já que o protocolo da Zarzuela é muito controlado quando se trata de estar na presença dos reis. Há pouca espontaneidade e improviso o que acaba também por não ser fácil para eles em se mostrarem mais descontraídos, nem para nós de vê-los nessas circunstâncias", opina ainda a autora de ‘Letizia Real’.
Outra das questões colocadas a Mábel Galaz é saber se, perante tantas dificuldades que tem enfrentado ao longo destes 19 anos de casamento, Letizia já se arrependeu de ser Ortiz para ser rainha de Espanha. A resposta é claríssima: "Não. Está onde quer estar. Já me disseram muitos dos seus amigos. Não sei se em algum momento nestes anos se chegou a arrepender. Talvez, como qualquer outra mulher terá vivido as suas crises existenciais, mas acredito que agora está convencida que está no lugar em realmente quer estar", afiança a jornalista.
O CANSACO DE LETIZIA
De facto, Letizia não tem tido a vida muito facilitada. Escândalos de corrupção que tiveram como protagonistas Iñaki Urdangarin [marido da infanta Cristina] e Juan Carlos [rei emérito e pai de Felipe VI] mancharam para sempre a imagem da monarquia. E a antiga jornalista está decidida a trabalhar para que os espanhóis voltem a confiar e a respeitar a coroa. "Há uma contestação inegável de uma parte da sociedade espanhola que se pergunta se é necessária uma monarquia e se esta faz sentido. O que eu digo é que os reis estão conscientes disso e trabalham para adequar a instituição e o seu trabalho a estes novos tempos. Apostam numa monarquia mais transparente, mais simples nas formas e menos fechada. Considero que de alguma querem ser ‘embaixadores premium’ da excelência de Espanha, não mediadores, mas um casal de representação e diplomacia. Letizia não quer ser apenas uma pessoa que recebe flores e cumprimenta as pessoas, mas que quer trabalhar para o país de uma outra maneira", considera Mábel Galaz.
E é por todo esse empenho e dedicação que Letizia se sente injustiçada, incompreendida. Está cansada de aparecer sempre como a "vilã" seja qual for a história que venha retratada na imprensa. Cansada de ser dada como a mentora do afastamento de Felipe da sua família. Como a responsável pelo exílio do sogro. A antiga jornalista, que sempre foi republicana até casar, quer apenas limpar a imagem da coroa. Quer que a instituição volte a ser respeitada. Está empenhada em que a filha, a princesa Leonor, chegue ao trono. Um trono seguro e livre de escândalos. Contudo, a rainha considera que ninguém, nem mesmo o marido, lhe reconhecem tanta dedicação. Ainda assim, não desiste. Letizia é uma mulher obstinada e vai levar a sua "cruzada" até ao fim. Sabe que vai ficar na História do país. Que o seu papel, mais tarde ou mais cedo, vai ser reconhecido e é quase certo de que será enaltecido.