'
THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH!

A guerrilha pelo clima também pode ser arte. Entre no universo das Niceaunties, as avozinhas que inquietam com o que ninguém quer ver

As Niceaunties vivem num mundo cheio de diversão, comida, festas e liberdade de expressão criado com ajuda da inteligência artificial. Parece fofo, não é? Pois, mas quando toca a mostrar o terror que se passa com os plásticos nos oceanos, elas são guerrilheiras poderosas. Perceba como surgiu este fenómeno planetário que está a dar que falar.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
30 de maio de 2024 às 21:59
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties
Niceaunties

Imagine que a sua avó podia dizer tudo o que sempre pensou, ser quem realmente sonhava e viver livremente sem as amarras do que espera a sociedade. E isso pode significar banhar-se numa sopa quente num dia de stress, jogar futebol americano com as amigas ou fazer um curso de culinária na lua. Não há limites para a imaginação de Niceaunties.

A designer de Singapura, que sempre trabalhou em equipas de arquitetos, decidiu lançar-se na arte digital no ano passado com um projeto divertido e crítico, em que ela aproveita para dar um mundo paralelo às suas 11 tias (aunties), à mãe, e às avós. Este mundo chama-se Auntieverse.

"Adoro tias. Algumas das minhas tias apenas vejo durante o ano novo chinês. Costumava preparar-me para o interrogatório nas reuniões familiares. Elas chamam-te 'gorda' mas apresentam-te um prato de comida deliciosa, feita com amor e grandes habilidades", comentou numa Ted Talk a artista por trás do projeto Niceaunties, e que usa o mesmo nome.

Niceaunties
Niceaunties Foto: Instagram Niceaunties

Na cultura asiática ser uma ‘auntie’, ou tia, pode ter uma carga pejorativa ou pelo menos conservadora e antiquada. A palavra é temida pela maior parte dos jovens atualmente, que não querem tornar-se ‘aunties’. Mas a designer quis mudar esta perspetiva para algo engraçado e positivo, como ela via a avó, que nunca viajou, ou as tias rodeadas de amigas.

Em 2022, a designer que nunca tinha editado um vídeo, descobriu um programa de inteligência artificial (IA) que conseguiu colocar em imagens o universo surreal que ela imaginava para as tias. E foi assim que nasceram as ‘Niceaunties’. "Um projeto sobre liberdade, exuberância, expressão e diversão". Uma narrativa surreal sobre a vida das mulheres da família.

As Niceaunties vivem no ‘Auntieverse’, um mundo inspirado em Singapura, com transportes feitos com comida e pernas. "É muito sustentável", brincou a artista. Este mundo tem a Nasa, a academia de culinária na lua, edifícios de e para animais, e um conhecido destino turístico, o Moma, o museu das tias modernas.

As atividades de relaxamento envolvem comida a todos os níveis. As tias são exageradamente enroladas em sushi nos spa, em vez de receberem apenas algumas rodelas de pepino, banham-se em ramens quentes e recebem tratamentos de beleza que unem relaxamento e praticidade. Aqui as mulheres ganham espátulas para as unhas. Os desfiles de moda apresentam roupas com ferramentas para o dia-a-dia. "Tantas mulheres são submetidas à dor de tratamentos de beleza para manter uma ideia do corpo. Às vezes parece haver sítios de construção no rosto e no corpo", explicou, apontando para imagens das tias com agulhas no rosto.

Os dias de praia são pensados à semelhança do que temos no mundo real, mas o lixo não está escondido. "As tias descansam na praia num mundo cheio de plástico, como o conhecemos".

Mas será mesmo assim? É que se alguns vídeos destas "tias fofinhas" deram que falar foram exatamente estes onde o ambiente e a degradaçáo e anunciada morte dos oceanos foi tema. Os mesmos foram reproduzidos por artístas plásticos do mundo inteiro - o brasileiro Vik Muniz foi um deles - em redes sociais e mostrados por organizações ambientalistas. O tema dos plásticos é levado, sob forma de arte, a imagens tanto de horror como de solidariedade. 

A artista por detrás de Niceaunties não esconde o poder da inteligência artificial na sua arte digital. Ela dá indicações do conceito ou da emoção que quer passar com as imagens. Em seguida usa programas para ampliar as imagens em software de animação e edita-as em vídeo. As músicas nos vídeos das Niceaunties também são criadas com software de IA, assim como a narração. "Uso Midjourney e DALL·E 3 para criação de texto em imagem, magnific.ai e Topaz Labs para aumentar a escala das imagens, Pikalabs e Runwayml para animação", explicou em entrevista ao site ‘Muse’, acrescentando que as criações podem demorar entre um dia a um mês a ficarem prontas.

A artista por detrás de Niceaunties não esconde o poder da inteligência artificial na sua arte digital. Ela dá indicações do conceito ou da emoção que quer passar com as imagens. Em seguida usa programas para ampliar as imagens em software de animação e edita-as em vídeo. As músicas nos vídeos das Niceaunties também são criadas com software de IA, assim como a narração. "Uso Midjourney e DALL·E 3 para criação de texto em imagem, magnific.ai e Topaz Labs para aumentar a escala das imagens, Pikalabs e Runwayml para animação", explicou em entrevista ao site ‘Muse’, acrescentando que as criações podem demorar entre um dia a um mês a ficarem prontas.

Todos os programas utilizados costumam estar na ficha técnica de cada uma das peças em Niceaunties partilhadas no Instagram.

"Antes da IA eu nunca tinha editado um vídeo. Esta tecnologia reduziu a barreira da aprendizagem e permitiu-me trazer a imaginação à vida em apenas 12 meses. Mas isto não é só sobre IA. O Auntieverse é para honrar a memória de mulheres extraordinárias", concluiu. 

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável