
Quando chegou à presidência do FC Porto, André Villas-Boas, 47 anos de idade, prometeu ares de mudança. Queria acabar com a corrupção, ter as contas certinhas, ordenados em dia, e quanto ao braço armado do clube, como muitos se referiam aos Super Dragões, esse já não seria um problema, uma vez que o líder da claque, Fernando Madureira, tinha sido detido no âmbito da Operação Pretoriano. Os primeiros meses foram de promessas e sorrisos, mas há muito que o presidente azul e branco já não pode dizer que essa seja a sua realidade.
Com o FC Porto a atravessar um momento delicado, a contestação face às escolhas de Villas-Boas aumenta. E se inicialmente muitos achariam que cortar com a linha de Pinto da Costa traria uma lufada de ar fresco, a verdade é que os dois substitutos do treinador Sérgio Conceição não convencem e muitos criticam já o portista por estar mais preocupado em disparar contra o passado, trazendo à tona a gestão danosa de Pinto da Costa, do que olhar para o futuro.
Como se tudo isto não bastasse, esta semana um novo momento polémico não conseguiu ser contido internamente, chegando à imprensa fotografias que mostravam o futebolista Otávio numa animada noitada com os colegas para celebrar o seu aniversário. Foram elementos dos Super Dragões que denunciariam a festa até altas horas da madrugada e na passada segunda-feira, depois do sucedido, acabariam por ameaçar jogadores do Centro de Estágios, sendo que o momento deixou no ar que, pese a ausência de Madureira, André Villas-Boas continua a ser perseguido por muitos dos problemas passados do clube.
A instabilidade é notada em todos os quadrantes e fontes admitem que o presidente do FC Porto não tem "nem o treinador nem a equipa consigo", e que a contestação começa também a sentir-se no seio dos adeptos.
O FANTASMA DE PINTO DA COSTA
Como se não bastasse, André Villas-Boas tem visto crescer a oposição de algo que julgava extinto. A verdade é que, depois da morte de Pinto da Costa, o neto, Nuno, assumiu como que o legado do avô e, ainda que na sua juventude, tem sido das vozes mais críticas da atual presidência.
Há cerca de duas semanas, nas redes sociais Nuno Pinto da Costa pediu que se parasse de fazer política à conta do avô e deixou duras críticas a Villas-Boas.
"Agora só se fala dos jogadores, querem meter a culpa toda nos jogadores e a culpa não é só dos jogadores, foram cometidos erros graves do projeto desportivo ao longo do ano, a começar pela escolha do próprio treinador, passaram a mensagem que o salário do Sérgio (Conceição) era demasiado alto e ainda hoje não sabemos ao certo quanto se gastou no despedimento do Vítor Bruno, a contratação do Anselmi, o salário do Anselmi. Se calhar, gastou-se mais do que era o salário do Sérgio. Temos também o caso do Pepe, alegavam que o seu salário também era demasiado alto, mas depois a coerência não existe, há algo aqui que não bate certo", disse, num vídeo em que promete estar vigilante em relação a André Villas-Boas, no que se traduz no mais recente pesadelo do presidente azul e branco, que começa a ceder à pressão.